sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Em torno da Síria

A quem interessa e não interessa uma intervenção.

A rede britânica de notícias BBC publicou no último dia 28, quarta-feira, em seu site, uma análise bastante completa sobre os impactos para o Oriente Médio de uma intervenção estrangeira no conflito sírio. Mais uma vez, como é de praxe, a região parece dividida. Segundo a BBC, os países favoráveis a uma intervenção no conflito são Turquia, Israel e Arábia Saudita. Os contrários seriam Irã, Iraque, Jordânia, Líbano e Egito.

Ancara vê com muito bons olhos a queda de Bashar al-Assad. Afinal, sua saída traria prejuízos à influência iraniana na Costa do Mediterrâneo, onde também atua o Hisbolá, milícia armada xiita ligada à Teerã que controla boa parte do Líbano. O chanceler turco declarou que as Forças Armadas do país estão prontas para se juntar a uma coalizão internacional mesmo sem o aval da ONU.

Como competidora também pela infuência na região, a Arábia Saudita também apóia a intervenção. Para Riad, qualquer movimento que contenha o avanço iraniano é visto como benéfico à manutenção do regime local.

No caso de Israel, o país já trava conflitos esporádicos com o Hisbolá e a Síria na sua fronteira Norte. Segundo a BBC, os israelenses já bombardearam a Síria três vezes somente este ano. A tensão envolve ainda as Colinas de Golã, território sírio ocupado por Israel. Uma intervenção contra o regime em Damasco pode gerar retaliação, o que já fez aumentar a procura por máscaras de gás entre a população israelense.

Por outro lado, o primeiro-ministro libanês declarou recentemente que uma intervenção na Síria "não serve à paz e à estabilidade na região". O Líbano talvez seja o país que mais sofre com os conflitos no Oriente Médio, seja com a influência da Síria e do Hisbolá, seja com o problema palestino-israelense. O país abriga o maior número de refugiados sírios desde o início dos confrontos em Damasco e duas bombas explodiram recentemente em seu território, matando 60 pessoas. Os atentados, presume-se, estão diretamente relacionados à violência na sua fronteira Leste.

A Jordânia também declarou oficialmente que não apóia a intervenção. Com meio milhão de refugiados sírios no país, o governo jordaniano quer evitar que o confronto na sua fronteira Norte se espalhe por seu território.

Teerã, no entanto, é quem tem se posicionado de forma mais agressiva contra qualquer intervenção estrangeira na Síria. Um diplomata iraniano na ONU alertou para as "sérias consequências" advindas de uma ação militar na região. O chanceler do país disse que quem de fato usou armas químicas contra a população foram os rebeldes.

Tendo a Síria na sua fronteira Oeste, o Iraque também é contra qualquer intervenção que possa desestabilziar ainda mais o país. O primeiro-ministro Nuri al-Maliki afirmou que tem esperança numa "solução política" para o conflito.

Com relação ao Cairo, o presidente Mohamed Morsi, em junho, quando ainda estava no poder, rompeu relações com a Síria e defendeu que fosse implementada uma Zona de Exclusão Aérea no país. A Revolução Islâmica iraniana e a Irmandade Muçulmana são competidores pela influência no mundo árabe. Com o golpe no Egito, no entanto, o novo governo afirmou que "não há solução militar para o conflito sírio".

No plano mais geral, fica a certeza de que os problemas de tamanha instabilidade no Oriente Médio não serão desprezíveis. Com a crise no Egito, na Síria, as incertezas no Iraque, no Líbano e em Israel, que, nesse contexto, deve ter elevada sua tensão com os palestinos, o mundo pode esperar consequências. Afinal, para muita gente dentro e fora do Oriente Médio, é a intervenção ocidental que historicamente acirra e alimenta a divisão na região.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Globo, PT e Capilé

Fórum lança Projeto de Lei de "iniciativa popular" para regulamentar a Comunicação no Brasil.

Na última sexta-feira (23/08), a bancada do Partido dos Trabalhadores no Congresso Nacional deu início à mobilização em busca de 1,3 milhão de assinaturas em favor de um projeto de lei que regula a Comunicação no Brasil. O projeto é uma iniciativa do Fórum  Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), a partir das propostas reunidas na 1a Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada em 2009.

Apesar de sugerir uma discussão importante, a iniciativa mistura regulação de mercado com regulação de conteúdo, faz propostas burocratizantes e demonstra fraqueza de representação.

As propostas do FNDC e do PT estão no Caderno 1a Confecom: Conferência Nacional de Comunicação (2009). A proposta 712, por exemplo, foi produzida no âmbito dos Grupos de Trabalho do "Eixo Temático 1" da Conferência: "Produção de Conteúdo".

Aprovada na "Plenária Final", a PL 712 prevê a "[c]riação de Conselhos de Comunicação nos âmbitos federal, estaduais e municipais de caráter paritário com membros eleitos e estrutura de funcionamento para que possa acompanhar a execução das políticas públicas, que garantam o exercício pleno do direito humano à Comunicação. Entre suas atribuições, deve constar a regulação de conteúdo, políticas de concessões, mecanismos de distribuição, dentre outras" (p.188 do Caderno).

O problema de propostas como essa vai além do uso dos termos "regulação de conteúdo" e "Conselhos de Comunicação". Pior que isso, tal discurso tem restringido o debate público sobre a Comunicação no Brasil ao tema da censura.

Ao noticiar o ato em defesa do projeto do FNDC, que reuniu 100 pessoas no Congresso Nacional e nomes como os deputados Chico Alencar (PSOL-RJ), Luiza Erundina (PSB-SP) e Nilmário Miranda (PT-MG), além do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), a Folha, por exemplo, reproduziu como contraponto declarações antigas do presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Daniel Slaviero, de que a ideia de "controle social da mídia" é "eufemismo para o cerceamento". Se o debate mais uma vez ficar restrito à discussão entre o controle e a censura, novamente irá por terra a chance de se discutir temas como os pontos de gargalo na distribuição e a centralização excessiva do mercado de comunicação no país.

No que diz respeito à representatividade das propostas presentes na chamada "Lei de Mídia Democrática", o documento da Confecom 2009 também é claro em mostrar sua fraqueza. Afinal, afirma logo na sua apresentação que "[a] Conferência foi convocada pelo Governo Federal, como parte da política de chamar a sociedade civil organizada para debater políticas públicas que interessam à cidadania". Ou seja, trata-se de uma iniciativa do governo com a "sociedade civil organizada". Além de várias instâncias federais, como o Ministério das Comunicações, da Ciência e Tecnologia, da Cultura, da Educação etc, participaram da Confecom 2009, entre outras agremiações, a Associação Brasileira de Canais Comunitários, a Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), o próprio Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e grupos como o INTERVOZES - Coletivo Brasil de Comunicação Social.

Além disso, a mobilização também clama representatividade a partir de uma pesquisa publicada no último dia 18. A sondagem, produzida pela Fundação Perseu Abramo, "entidade ligada ao Partido dos Trabalhadores", segundo o próprio FNDC, afirma que 70% dos brasileiros querem regulação da mídia e 46% da população é favorável a que essa regulamentação seja definida e fiscalizada através do chamado “controle social”, por um “órgão ou conselho que represente a sociedade”.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Um buraco negro político

Consequências da tragédia no Egito.

O pior ainda estava por vir. No fim de julho, quando Javier Solana publicou o artigo "The Middle East Turmoil Trap", no site do Project Syndicate, o tema ainda era o golpe militar contra o presidente Mohammed Morsi, deposto no dia 3. Ou seja, nada perto da brutal repressão contra os partidários de Morsi, em maior parte ligados à Irmandade Muçulmana, e o subsequente estado de emergência, em 14 de agosto.

Se os prognósticos de Solana no artigo já eram preocupantes, pode-se imaginar como não ficam depois da absurda violência perpetrada pelo governo egípcio contra os militantes islâmicos, que fez com que os problemas no Egito explodissem, de modo que seus efeitos serão sentidos muito além das fronteiras do país de 85 milhões de habitantes.

Com uma sociedade dilacerada no que diz respeito à legitimidade do poder político e uma economia em frangalhos, o comportamento do governo interino no Egito favorece o presidente sírio Bashar al-Asssad no conflito contra os rebeldes. Bashar al-Assad luta para manter sua ditadura secular e nacionalista, seguindo a linha do ex-presidente egípcio Hosni Mubarak (e do ex-presidente iraquiano Saddam Hussein).

Mubarak ficou 30 anos no poder no Cairo, entre 1981 e 2011. Nesse período, com o apoio maciço de Washington, levou à frente inúmeras táticas de repressão aos islâmicos no país, em especial à Irmandade, com a chancela dos governos na Casa Branca e um estado de emergência constante. Não à toa, islâmicos egípcios sempre estiveram na vanguarda do terrorismo internacional, inclusive com participação ativa de militantes e intelectuais radicais na al-Qaeda.

Um exemplo disso é Ayman al-Zawahiri, teólogo egípcio islâmico, líder da al-Qaeda, procurado pelos Estados Unidos. Por informações sobre ele, o Departamento de Estado americano oferece US$ 25 milhões. Al-Zawahiri segue, na verdade, uma longa tradição de pensadores islâmicos radicais, onde se inclui o fundador da Irmandade Muçulmana, Hassan-al Banna (1906-1949), discípulo do sírio Rashid Rida, que foi herdeiro espiritual de Mohammed ibn Abd al-Wahhab, o fundador do wahhabismo, seita na qual Osama bin Laden se formou na Arábia Saudita. Não será surpresa se a volta da repressão à Irmandade Muçulmana no Egito vier acompanhada de um recrudescimento do terrorismo global.

Da mesma forma, a situação no Egito também envolve, claro, as relações entre Israel e palestinos. Um dos grandes aliados da Irmandade Muçulmana é o Hamas, que tem forte presença na Faixa de Gaza, na fronteira egípcia. Assim, é pouco provável que o caos no Cairo não respingue sobre as primeiras negociações de paz entre Israel e palestinos nos últimos cinco anos, que ocorrem neste momento em Jerusalém.

A queda de Morsi retirou o apoio do Egito aos palestinos nas relações com Israel, mas, mesmo assim, é difícil achar que o governo israelense ganha com tamanha instabilidade nas suas fronteiras.

A divisão egípcia também afeta as monarquias tradicionais do Oriente Médio. Os governos de Arábia Saudita e Emirados Árabes, preocupados com o radicalismo islâmico interno, foram rápidos em dar apoio, inclusive financeiro, ao primeiro-ministro interino Hazem Beblawi, após o golpe de julho. Tal ajuda pode sair mais cara após a violência recente contra os islâmicos no Egito.

O novo presidente iraniano, Hassan Rouhani, é outro que sofre com a tensão. Suas sinalizações moderadas devem sofrer elevada resistência interna se forem vistas como deferência a quem indiretamente apóia e sempre apoiou a repressão aos islâmicos no Cairo.

Como se não bastasse, também a Turquia é afetada com a instabilidade no Nilo. Não à toa, o primeiro-ministro Recep Erdogan se pronunciou com rapidez sobre a violência no Egito, pedindo das partes cessar-fogo e negociações.

Com os problemas no Egito, o governo turco tem seus planos de liderança para a região atrapalhados. Ancara tem se proclamado como um modelo de convivência entre a democracia e o islamismo na região. Com o racha no Cairo, como o próprio Erdogan prevê em seu discurso, o relativo sucesso do modelo turco não deve escapar de novos questionamentos, internos e externos.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Em má conta

Relatório do Pew Research Center mostra insatisfação do público americano com a qualidade do jornalismo nos Estados Unidos.

Publicado na mesma semana da venda do jornal Washington Post a Jeff Bezos, fundador da Amazon, por 250 milhões de dólares, novo estudo do Pew Research Center apresenta uma visão bastante crítica sobre o jornalismo produzido nos Estados Unidos. Apesar de ressaltar a importância da prática jornalística para a política e a sociedade, o público entrevistado para o relatório avalia duramente o desempenho das organizações de notícias em temas-chave do jornalismo como precisão, independência e equilíbrio.

Segundo o relatório da pesquisa, produzida pelo Pew Research Center for the People and the Press e divulgada no último dia 8 de agosto, 65% dos entrevistados afirmaram que o jornalismo americano se pauta, em geral, por assuntos sem importância, 67% disseram que as matérias são normalmente imprecisas, 71% acreditam que as organizações de notícias em geral tentam encobrir seus erros, em vez de assumi-los, 75% creem que o jornalismo americano é normalmente influenciado por pessoas ou organizações poderosas, 76% afirmaram que as notícias em geral são tendenciosas, 58% disseram que as matérias são politicamente enviezadas e 59% acham que o jornalismo não se importa com as pessoas sobre as quais produz reportagens. Segundo o Pew, esses índices vêm piorando desde o início do acompanhamento do tema pelo instituto, em 1985.

Ainda sobre as críticas, a pesquisa do Pew afirma que aqueles que citam a internet como a principal fonte de informação tendem a ser mais críticos da imprensa do que aqueles que não têm a rede como locus principal para se manterem informados. Dentre aqueles que mais usam a internet em busca de notícias, 65% acham que as matérias produzidas pela mídia tradicional são politicamente enviezadas, 73% percebem a imprensa muito voltada para assuntos sem importância, 81% acreditam que o jornalismo americano é influenciado por pessoas ou organizações poderosas, 83% afirmaram que a imprensa em geral favorece um lado da história e 68% disseram que as organizações de notícias tentam, em geral, encobrir seus erros, em vez de assumi-los.

Nesse terreno da WWW, o relatório do Pew ressalta que a internet é hoje a principal fonte de notícias nacionais e internacionais para aqueles com menos de 50 anos. De fato, segundo a pesquisa, quanto mais nova a faixa etária, mais a internet se torna importante. Na faixa etária de 18 a 29 anos, por exemplo, 71% dos entrevistados têm a internet como principal fonte de informação e notícias. Na média geral, no entanto, a televisão ainda é o meio preferido de informação (69%), seguida da internet (50%), dos jornais impressos (28%) e do rádio (23%) - a pesquisa permite que os entrevistados escolham até duas mídias como principais fontes de informação e notícias.

A boa nova para o jornalismo, ao menos o americano, é que o público parece manter uma visão positiva sobre o poder fiscalizatório da imprensa sobre a política e os políticos (watchdog role). Segundo a pesquisa, 68% dos entrevistados afirmam que o jornalismo evita que as lideranças políticas façam o que não devem - o índice era de 67% em 1985. Além disso, uma pequena maioria dos entrevistados (54%) também afirma que os jornalistas são mais importantes hoje do que no passado porque ajudam as pessoas a dar um sentido à enorme quantidade de informações disponíveis na internet.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Nem tão novo assim


Como Marcelo Freixo usou o Twitter na campanha para a Prefeitura do Rio em 2012.

Pesquisa de estreia do COMP – Grupo de Pesquisa em Comunicação, Política e Internet da PUC-Rio – avaliou 207 mensagens postadas pela conta @MarceloFreixo nos últimos 15 dias antes do primeiro turno das eleições de 2012 para a Prefeitura da cidade. Segundo os resultados iniciais da análise, Freixo utilizou o potencial interativo da ferramenta, mas priorizou, ao menos no microblog e nesta conta em específico, uma comunicação política mais voltada a promover sua campanha, pouco disposta ao debate em torno de suas posições e os problemas da cidade.

Seguindo uma metodologia desenvolvida no PONTE – Grupo de Pesquisa em Políticas e Novas Tecnologias da Universidade Federal do Ceará –, as mensagens foram classificadas em cinco categorias: 1) promoção de ideias; 2) promoção de eventos; 3) campanha negativa; 4) mobilização e engajamento; e 5) alheias à política.

As postagens classificadas como "promoção de ideias" foram aquelas em que o candidato apresentou textos e documentos temáticos, material pessoal de campanha, projetos políticos, defendeu ideais. A rubrica "promoção de eventos" reúne mensagens postadas no Twitter em que o político informou sua agenda de atividades e convidou o público para eventos específicos em que estaria presente, sempre incentivando o compartilhamento das informações nas redes sociais.

As mensagens que compõem o conjunto "campanha negativa" são aquelas em que o perfil critica ações do adversário, trazendo à tona matérias, fatos ou qualquer outra evidência que sugira, por exemplo, casos de corrupção envolvendo um político ou partido. Além disso, em situação contrária, estão aqui também as mensagens nas quais o candidato se defende de campanhas negativas realizadas pelos adversários, veiculadas na mídia ou mesmo no próprio Twitter.

As mensagens de "mobilização e engajamento" incentivam os partidários do candidato a ajudar na campanha. Promovem o compartilhamento de mensagens ou a utilização de hashtags favoráveis. As mensagens "alheias à política" de Marcelo Freixo no Twitter, ou sem classificação específica, são aquelas em que o político manteve contato com amigos pessoais e familiares através do microblog, algo, claro, não necessariamente aleatório ou desprovido de conteúdo político.

Após a classificação por assunto, as mensagens foram categorizados em três grupos: "tweets", "retweets" ou "conversas", no intuito de se analisar o grau de interatividade da comunicação ali estabelecida. Como se sabe, o "tweet" é a publicação feita originalmente pelo prório usuário enquanto o "retweet" faz com que seus seguidores recebam algo que você recebeu. Por fim, na categoria "conversas" foram consideradas as respostas que Freixo deu a perguntas e observações vindas do público no Twitter.

Os primeiros resultados da pesquisa podem ser vistos nas Tabela 1 e 2 abaixo. A segunda série ilustra o cruzamento das categorias.


Tabela 1
Assunto
Nº de tweets
Porcentagem
promoção de ideias
11
5,3%
campanha negativa
24
11,6%
promoção de eventos
60
29%
mobilização e engajamento
65
31,4%
alheias à política
47
22,7%
Total:
207
100%


Tabela 2


     tweets
    retweets
   conversas
       total
           %
promoção de ideias
1
3
7
11
5,3%
campanha negativa
3
6
15
24
11,6%
promoção de eventos
20
12
28
60
29%
mobilização,  engajamento
18
23
24
65
31,4%
alheio à política
4
10
33
47
22,7%

Total

46
54
107
207
100%

%

22,2% 

26%
51,6%
100%


Com isso, a conclusão inicial da análise é a de que a campanha de Marcelo Freixo no Twitter para a Prefeitura do Rio de Janeiro em 2012 priorizou tentativas de mobilização e engajamento de eleitores e a divulgação de eventos da campanha. Apesar de apresentar um alto grau de interação com o público, seja respondendo a perguntas diretas ou retweetando mensagens, o perfil de Marcelo Freixo no Twitter durante a campanha mostrou baixo comprometimento com a divulgação de planos do candidato e o debate sobre os problemas da cidade, não contemplando assim o potencial democrático que a literatura especializada sugere para o uso político da internet.

Esta pesquisa foi desenvolvida por Camila Soluri e Taíse Parente sob a orientação de Arthur Ituassu com recursos do CNPq e será posteriormente publicada completa na forma de artigo científico. O trabalho se põe em débito com o livro Do clique à urna: internet, redes sociais e eleições no Brasil (disponível na internet em formato epub), organizado por Francisco Paulo Jamil Almeida Marques, Rafael Cardoso Sampaio e Camilo Aggio, todos ligados ao Centro de Estudos Avançados em Democracia Digital (CEADD-FACOM/UFBA). Em especial, a pesquisa está em dívida com o trabalho "Estratégias de comunicação política on-line: uma análise do perfil de José Serra no Twitter", de Francisco Paulo Jamil Almeida Marques, Fernando Wisse Oliveira Silva e Nina Ribeiro Matos, presente no livro comentado acima.