sexta-feira, 21 de junho de 2013

Os protestos e a crise da representação

oD

Brazil, a crisis
of representation

A protest wave in Brazil embodies new ideas of political community that challenge the country's old social practices and centralised structures, says Arthur Ituassu.

portal

Protestos pelo Brasil
indicam crise de representação
Terremoto político desmonta ideia de "Brasil paraíso" por trás de eventos esportivos. Leia mais no Portal PUC-Rio.


quinta-feira, 13 de junho de 2013

Clássico de Rob Walker é publicado no Brasil

Segundo o autor, a disciplina de Relações Internacionais não descreve a prática das relações internacionais, mas a constitui.

Em uma parceria da Editora Apicuri com a Editora PUC-Rio, acaba de sair no Brasil um clássico das Relações Internacionais. Lançado pela primeira vez 20 anos atrás, em 1993, Inside-Outside: Relações Internacionais como teoria política, de R.B.J. Walker, talvez seja, junto com Social Theory of International Politics, de Alexander Wendt, de 1999, o grande marco na chegada das perspectivas subjetivistas na área.

O argumento central do livro é o de que a disciplina de Relações Internacionais não descreve a prática das relações internacionais, mas a constitui. Para o autor, um aspecto central desse poder constitutivo é a insistência do campo no conceito de soberania. Segundo Walker, tanto as Relações Internacionais quanto sua ênfase na soberania  são constructos, "ficções". Em sua visão, a soberania não é mais que uma solução particular espaço-temporal da modernidade nascente para o dilema mais profundo e permanente entre particularidade e universalidade, e o conceito se torna fundamental para as relações internacionais (prática) senão pelo próprio discurso das Relações Internacionais (disciplina).

Como afirma uma resenha do livro, o constructo espaço-temporal "soberania do Estado", apesar de se manter firme ao menos nos últimos dois séculos, não necessariamente se adequa continuamente na história como resposta aos dilemas complexos e mutantes da política global. No momento de transição entre o fim do feudalismo e o início da Era Moderna, a soberania do Estado pode ter sido a resposta, mas isso não significa necessariamente sua adequação perene, uma noção de imutabilidade que, de fato, é reforçada pelo discurso teórico.

Nesse sentido, em tempos nos quais a Era Moderna dá lugar a outras formas de cultura político-econômica global, outras soluções espaço-temporais podem ser necessárias. Em tempos de velocidade e aceleração, nos quais o espaço é comprimido e fronteiras se tornam mais e mais insignificantes, um constructo espaço-temporal que não leve esses fatores em conta, como é o caso da soberania, pode estar fadado a se tornar irrelevante.

Apesar de fundamentalmente teórico - e epistemologicamente antipositivista -, Walker não se furta a analisar a política internacional contemporânea. Em uma entrevista que deu ao Portal PUC-Rio Digital, em dezembro de 2010, o professor da Universidade de Victoria, no Canadá, e do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio, questionou a interpretação corrente relativa a uma multipolaridade benéfica à vida no globo e não poupou críticas à política externa brasileira nesse debate.

"Preocupa o argumento de que estamos entrando supostamente numa era positiva, multipolar, quando a multipolaridade em questão é somente uma imitação, uma emulação dos velhos nacionalismos que pressionam de cima para baixo, supostamente calcados no argumento da elevação do padrão de vida nacional. Historicamente essa é uma experiência trágica e dificilmente será positiva no futuro. Mas se vamos tratar de multipolaridade, melhor que pensar nos novos pólos que deveriam fazer parte do Conselho de Segurança seria refletir sobre o próprio conceito de polaridade. Quem sabe pensar mais em termos de pontos, de cidades, lugares e regiões onde formas de poder que se expressam por meio de redes parecem convergir. Na verdade, o conceito de multipolaridade é bastante útil, mas não se pensado como no século XIX. Seria preciso pensar nos circuitos financeiros ou produtivos contemporâneos, nas redes de saber e de pensamento, na posição das cidades, nas redes universitárias, nas redes construídas pelos institutos de pesquisa, como exemplos de um fenômeno relativamente novo por meio do qual o poder é articulado em rede e se acumula em locais onde essas redes convergem. É nesse sentido que deveríamos prestar atenção ao pluralismo. O plural, por si só, não é algo necessariamente positivo. Nesse terreno, está claro, há necessariamente uma mudança. No entanto, é preciso ter muita atenção sobre como o plural está sendo pensando. Por um lado, pode-se fazer muita coisa interessante com o termo, em prol do entendimento de novas formas de distribuição de poder e da autoridade. Por outro, o discurso predominante sobre o tema reproduz formas muito antigas e perigosas da velha política de poder bismarkiana. Nesse ponto em particular, a contribuição da política externa brasileira para o sistema internacional é, no mínimo, discutível. O que faz ou fez nada mais é que uma imitação da ação internacional da Alemanha de Bismarck".

domingo, 9 de junho de 2013

O inferno são os outros: mídia, clientelismo e corrupção

Trabalho de Afonso de Albuquerque e Pâmela Araújo Pinto, ambos da Universidade Federal Fluminense (UFF), foi escolhido o melhor apresentado no GT de Comunicação e Política da 22o Compós.

O texto enfoca o modo como os conceitos de clientelismo e corrupção são empregados pela bibliografia relativa à Comunicação Política. Sustenta que, mais do que descrever fenômenos concretos e empiricamente identificáveis, os conceitos são utilizados de maneira adjetiva, como um elemento que aponta a incapacidade de determinadas sociedades em satisfazer parâmetros ideais que supostamente seriam satisfeitos por outras. Sugere ainda que este modelo argumentativo é usado não apenas nos estudos internacionais produzidos sobre o tema, mas é replicado nas análises produzidas no Brasil sobre a chamada “mídia regional”.

domingo, 2 de junho de 2013

Pesquisa traça perfil do parlamentar no Twitter

Segundo análise de Jamil Marques e Jackson de Aquino, ambos da Universidade Federal do Ceará, um congressista relativamente jovem, com alta votação, early adopter das mídias digitais e integrante de um partido de esquerda é aquele que apresenta um perfil de uso mais intenso do microblog.

"Representação parlamentar no Twitter: Uma abordagem quantitativa", de Francisco Paulo Jamil Almeida Marques e Jackson Alves de Aquino, será apresentado no GT de Comunicação e Política da 22o Compós. O encontro anual da Associação dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação será realizado este ano na Faculdade de Comunicação (Facom) da Universidade Federal da Bahia, em Salvador, entre os dias 4 e 7 de junho.

O trabalho, segundo seu próprio resumo, investiga o uso do Twitter por parte dos 458 deputados federais brasileiros registrados no microblog. Com base no volume de publicação de mensagens e o número de seguidores de cada representante, confrontados com variáveis de cunho individual e político, a pesquisa sugere que um parlamentar relativamente jovem, com alta votação, early adopter das mídias digitais e integrante de um partido de esquerda é aquele que apresenta um perfil de uso mais intenso do Twitter.

Além desse ponto, o trabalho levanta outras questões importantes. Entre outras coisas, por exemplo, os autores lembram que os estudos no campo realizados até o momento – ainda que esperançosos de uma interação mais intensa entre representantes e representados –  mostram que o uso do Twitter tem sido limitado pelos representantes à construção de imagens públicas. A ênfase no marketing pessoal, e não no engajamento dos usuários, é que, infelizmente, tem levado os representantes a assumir os riscos de se expor no microblog.

Dessa forma, afirmam os autores, os parlamentares têm feito um uso cauteloso das mídias digitais. Por um lado, o acompanhamento cotidiano de deputados que utilizam o Twitter permite perceber que tal ferramenta tem sido empregada na mobilização de grupos de apoio, com o intuito de sensibilizar para determinados projetos e causas. Por outro, há indícios de que os agentes do campo político estão sujeitos à crítica permanente e à possibilidade de serem mal compreendidos em seu discurso. "Um tweet mal redigido em um momento delicado reverbera na cobertura da imprensa, repercute junto aos cidadãos", afirma a pesquisa.

Com isso, deve-se ter em mente, segundo o estudo, que a utilização das ferramentas digitais não necessariamente significa maior interatividade do político com a esfera civil. De qualquer modo, para os autores, a tendência é a de que representantes e candidatos com necessidade de alcançar eleitorados mais amplos utilizem as novas mídias de modo mais frequente, ao menos em um contexto de "disputa pela construção e imposição de imagens públicas".