tag:blogger.com,1999:blog-3478697722152204882024-03-13T13:57:10.728-07:00Blog do Ituassuwww.ituassu.com.brArthur Ituassuhttp://www.blogger.com/profile/14027741500614568174noreply@blogger.comBlogger168125tag:blogger.com,1999:blog-347869772215220488.post-61768083680664928452014-05-19T09:55:00.001-07:002014-05-19T09:55:26.926-07:00MudamosEste Blog agora funciona somente no endereço: <a href="http://www.ituassu.com.br/">www.ituassu.com.br</a><br />
<br />
obrigadoItuassuhttp://www.blogger.com/profile/07505417520133730616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-347869772215220488.post-74384255448449113172014-05-08T13:55:00.002-07:002014-05-08T13:57:13.206-07:00Seminário<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-RKulCjVgeQI/U2vvRf3qAMI/AAAAAAAABt0/9L9Ihw7cLJI/s1600/seminario.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-RKulCjVgeQI/U2vvRf3qAMI/AAAAAAAABt0/9L9Ihw7cLJI/s1600/seminario.jpg" height="320" width="230" /></a></div>
<br />Ituassuhttp://www.blogger.com/profile/07505417520133730616noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-347869772215220488.post-75908061356670209182014-04-30T13:55:00.002-07:002014-05-08T06:59:38.286-07:001st Joint Seminar PUC-Rio/Queen's University Belfast on Media and Representation<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-51Wu93Cxqns/UuvnxBkbAuI/AAAAAAAABbQ/z-W26jXmJSg/s1600/representation.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-51Wu93Cxqns/UuvnxBkbAuI/AAAAAAAABbQ/z-W26jXmJSg/s1600/representation.jpg" height="178" width="200" /></a></div>
<b>Encontro está confirmado para os dias 13, 14 e 15 de maio, no Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio.</b><br />
<br />
Será realizado nos dias 13, 14 e 15 de maio, no Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, o Primeiro Seminário Conjunto PUC-Rio/Queen's University Belfast sobre Mídia e Representação (1st Joint Seminar PUC-Rio/Queen's University Belfast on Media and Representation). <br />
<br />
O encontro terá transmissão ao vivo pelo <a href="http://puc-riodigital.com.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=home" target="_blank">Portal PUC-Rio</a> e contará com a presença da professora <a href="http://www.qub.ac.uk/schools/SchoolofEnglish/Staff/StaffProfile/?school=English&ns=00970e0fb3754caedd67ed7952c4f3d190e39ffb4cd3ca05d29cf8b6c61230c8&tab=publications">Andrea Mayr</a>, Lecturer in Modern English Language and Linguistics, Erasmus Programme Director, School of English, Queen's University-Belfast; do professor <a href="http://www.ituassu.com.br/">Arthur Ituassu</a>, professor-pesquisador em Comunicação e Política do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, pós-doutorando no Centro de Estudos Avançados em Democracia Digital, em Salvador (FACOM/UFBA); da professora Cláudia Pereira, doutora em Antropologia Cultural pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro - IFCS / PPGSA, pesquisadora e professora do Programa de
Pós-Graduação em Comunicação da PUC-Rio, coordenadora do Curso de
Publicidade e do PECC: Programa de Estudos em Comunicação e Consumo
Academia Infoglobo/PUC-Rio; e da professora Adriana Braga, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da PUC-Rio, autora dos livros "Personas Eletrônicas: feminilidade e interação no blog Mothern" (Ed. Sulina, 2008) e "CMC, Identidades e Género: teoria e método" (Ed. UBI/Portugal, 2005), vencedora dos prêmios The Harold Innis Award 2007 (MEA/EUA) e Prêmio CAPES de Tese 2007.<br />
<br />
O seminário ocorrerá de 14h às 17h na sala 102K do Campus da PUC-Rio na Gávea, com tradução simultânea e entrega de certificado aos participantes. Veja a programação completa do encontro:<br />
<br />
<style>
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<b>Media and Representation: Communication, Ethics and the Social World</b><br />
Prof. Andrea Mayr (Queen’s University Belfast) and Prof. Arthur Ituassu (COM/PUC-Rio)<br />
<br />
14/05, quarta-feira, de 14h às 17h:<br />
<b>Media and the Representation of Violence in Brazil and the UK</b><br />
Prof. Andrea Mayr and Prof. Cláudia Pereira (COM/PUC-Rio) <br />
<br />
15/05, quinta-feira, de 14h às 17h:<br />
<b>Methodologies for the Analysis of Media and Representation </b><br />
Prof. Andrea Mayr and Prof. Adriana Braga (COM/PUC-Rio)<br />
<br />
Organização:<br />
Professor Arthur Ituassu, Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio.<br />
<br />
Promoção:<br />
Programa de Pós-Graduação em Comunicação da PUC-Rio. Ituassuhttp://www.blogger.com/profile/07505417520133730616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-347869772215220488.post-46993746857161499932014-04-25T05:07:00.002-07:002014-04-25T05:15:30.085-07:00Na direção errada<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-QgQhS7XJyIg/U1lqRU8DdtI/AAAAAAAABsQ/GOPPWap0AGk/s1600/digital_ads.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-QgQhS7XJyIg/U1lqRU8DdtI/AAAAAAAABsQ/GOPPWap0AGk/s1600/digital_ads.jpg" height="173" width="200" /></a></div>
<b>Internet ultrapassa TV aberta no investimento de anunciantes nos Estados Unidos, mas versões online dos jornais não aproveitam o <i>boom</i> digital publicitário.</b><br />
<br />
<a href="http://www.iab.net/about_the_iab/recent_press_releases/press_release_archive/press_release/pr-041014" target="_blank">Relatório</a> divulgado no início do mês (10/04/2014) pela organização <a href="http://www.iab.net/about_the_iab" target="_blank">Interactive Advertisement Bureau (IAB)</a>, que reúne mais de 600 empresas de mídia e tecnologia, mostra que, em 2013, o investimento em anúncios na internet ultrapassou pela primeira vez aquele feito na TV aberta nos Estados Unidos. Com um crescimento de 17% em relação a 2012, o valor gasto pelo mercado americano com anúncios no ambiente digital foi de US$ 42.8 bilhões, contra US$ 40.1 bilhões investidos na TV aberta.<br />
<br />
O fenômeno confirma uma tendência de crescimento exponencial do investimento em anúncios na internet, que já havia ultrapassado em 2012, nos Estados Unidos, os recursos desse tipo alocados na mídia impressa (jornais + revistas). Como <a href="http://www.niemanlab.org/2014/04/the-newsonomics-of-newspapers-mediocre-middle/" target="_blank">ressalta</a> o especialista <a href="http://www.niemanlab.org/author/kdoctor/" target="_blank">Ken Doctor</a>, do <a href="http://www.niemanlab.org/" target="_blank">Nieman Journalism Lab</a>, o valor gasto com anúncios no ambiente digital é hoje mais que o dobro daquele direcionado à mídia impressa americana: US$ 42.8 bilhões contra US$ 18 bilhões.<br />
<br />
O gráfico abaixo, produzido pela IAB, mostra o desenvolvimento histórico recente do investimento em anúncios por mídia nos Estados Unidos.<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-qrb3B0dIvpc/U1lxIjVJxWI/AAAAAAAABsg/fm315Vzb6Ms/s1600/iab-digital-ad-revenue-by-media.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-qrb3B0dIvpc/U1lxIjVJxWI/AAAAAAAABsg/fm315Vzb6Ms/s1600/iab-digital-ad-revenue-by-media.jpg" height="282" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
Como se vê no gráfico, entre 2005 e 2013, o investimento em anúncio dedicado aos jornais impressos caiu de mais de US$ 45 bilhões para menos de US$ 20 bilhões, enquanto aquele voltado para o ambiente digital cresceu de pouco mais de US$ 10 bilhões para quase US$ 50 bilhões. No entanto, além de verem reduzida de forma expressiva sua fatia no mercado anunciante, os jornais americanos não têm se beneficiado do <i>boom</i> digital publicitário recente nas suas versões online.<br />
<br />
Segundo Ken Doctor, com base em um <a href="http://www.naa.org/Trends-and-Numbers/Newspaper-Revenue/Newspaper-Media-Industry-Revenue-Profile-2013.aspx" target="_blank">relatório</a> de 2013 da <a href="http://www.naa.org/" target="_blank">Newspaper Association of America (NAA)</a>, os anúncios digitais em jornais somaram somente US$ 3.42 bilhões do total de US$ 37.59 bilhões de renda gerada pelos periódicos nos Estados Unidos no ano passado, com um percentual de crescimento de apenas 1.5% em relação a 2012. De fato, os números mostram que os jornais têm ficado somente com algo em torno de 8% de todo o gasto do mercado americano com anúncios digitais.<br />
<br />
É claro que os dados relativos ao ambiente midiático nos Estados Unidos devem ser relativizados. <a href="http://observatoriodaimprensa.com.br/download/PesquisaBrasileiradeMidia2014.pdf" target="_blank">Pesquisas recentes</a> mostram que a televisão têm ainda uma influência muito forte no contexto brasileiro. No entanto, a se confirmar a tendência, percebe-se que há pela frente um outro grande desafio às empresas de jornalismo, além da competição do conteúdo produzido e compartilhado na internet, o de se tornarem atraentes ao investimento em publicidade no ambiente digital. Ituassuhttp://www.blogger.com/profile/07505417520133730616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-347869772215220488.post-43064319670942134562014-04-15T17:45:00.000-07:002014-04-22T16:11:09.103-07:00Duas moquecas, quatro longnecks e a conta, com Rob Walker<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-v-jsEPlKq1g/U02vEe1vDZI/AAAAAAAABro/aitHG7lRzWc/s1600/walker.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-v-jsEPlKq1g/U02vEe1vDZI/AAAAAAAABro/aitHG7lRzWc/s1600/walker.jpg" height="176" width="200" /></a></div>
<b>Um almoço como teoria política.</b><br />
<br />
<a href="http://www.uvic.ca/socialsciences/politicalscience/people/directory/walkerrob.php" target="_blank">R.B.J. (Rob) Walker</a> é um dos principais teóricos políticos contemporâneos. Professor da Universidade de Victoria, no Canadá, escreveu<i><a href="http://www.amazon.com/Inside-Outside-International-Relations-Political/dp/0521421195" target="_blank"> Inside/Outside: International Relations as Political Theory</a></i>, um clássico recentemente <a href="http://www.editora.vrc.puc-rio.br/inside_outside.html" target="_blank">publicado no Brasil</a>, e, há alguns anos, <i><a href="http://www.routledge.com/books/details/9780415779036/" target="_blank">After the Globe, Before the World</a></i>, ainda sem tradução para o português. Felizmente, ele vem à cidade uma ou duas vezes por ano, lecionar no <a href="http://www.iri.puc-rio.br/" target="_blank">Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio</a>.<br />
<br />
Nossa conversa começou com um assunto banal, os preços no Rio de Janeiro. "Do jeito que estão, não sei se consigo continuar vindo ao Rio", disse. "Tudo está pelo menos 30% mais caro que no ano passado".<br />
<br />
Falamos também da chuva. Comentei que, aqui no Brasil, alguns políticos estariam aliviados dela ter chegado ao Sudeste, referindo-me ao problema da <a href="http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/03/140321_seca_saopaulo_rb.shtml" target="_blank">água em São Paulo</a> e da <a href="http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/02/1418047-com-crise-de-energia-petrobras-liga-100-das-termicas.shtml" target="_blank">energia no país</a>. Nesse momento, foi inevitável lembrar que a disputa pela água no planeta promete tensões, em um futuro próximo. <br />
<br />
Na verdade, entreveros desse tipo já <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Water_politics_in_the_Jordan_River_basin" target="_blank">ocorrem em Israel</a>, por exemplo, em torno do <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Jord%C3%A3o" target="_blank">Rio Jordão</a>, e Walker receia que os Estados Unidos terão grande interesse nas <a href="http://www.mapsofworld.com/world-top-ten/world-top-ten-fresh-water-supply-map.html" target="_blank">reservas de água canadenses</a>, apenas não maiores que as nossas e as da Rússia. Apesar de também possuírem reservas expressivas, os americanos são os <a href="http://www.waterfootprint.org/?page=files/WaterFootprintsNations" target="_blank">maiores consumidores de água do mundo</a>.<br />
<br />
Da água para o óleo, Rob Walker contou que as <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Areias_betuminosas_do_Athabasca" target="_blank">areias betuminosas do Athabasca</a>, de onde se extrai petróleo, permitiram que o estado de Alberta tomasse a frente da antiga <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Provinces_and_territories_of_Canada" target="_blank">disputa política no Canadá</a> entre Quebec e Ontario, e o produto disso foi um <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Stephen_Harper" target="_blank">governo do tipo direita-conservador-texano</a>, que substituiu o antigo Canadá liberal. "Vocês não temem o que o pré-sal pode causar a vocês aqui no Rio?", indagou.<br />
<br />
Como quem foge da reta, perguntei se ele tinha lido o texto que havia lhe enviado no início do ano, uma versão em inglês de um trabalho que será apresentado no fim de maio, em Belém, na <a href="http://compos.org.br/encontro2014/" target="_blank">23a Compós</a>. O <a href="http://www.ituassu.com.br/ituassu_final.pdf" target="_blank"><i>paper</i></a> trata do campo teórico da <a href="http://compolitica.org/revista/index.php/revista/article/view/93" target="_blank">e-Representação</a>, no ambiente acadêmico da e-Democracia. "Li, mas deixei as anotações em casa", confessou. "No entanto, eu lhe diria uma coisa: o "e" é somente 2% do problema".<br />
<br />
Ao fim, segundo Walker, estamos todos inseridos nas linguagens que se referem a Maquiavel, Hobbes e Kant. Quando falamos do <i>demos</i>, pergunta, que <i>demos </i>é esse? Ainda estamos na Grécia e sua cidadania restrita, vivemos ainda a metafísica e o elitismo tecnocrático platônico. Quem realmente tem capacidade de participar, deliberar ou mesmo interpretar a massa de informações que se encontra hoje na Internet?<br />
<br />
Da mesma forma, a que nos referimos quando dizemos "o cidadão"? A um "objeto" da política, como pensou Maquiavel em <a href="http://www.gutenberg.org/files/1232/1232-h/1232-h.htm" target="_blank"><i>O príncipe</i></a>? A um "sujeito" à política (<i>subject</i>), que autoriza o poder, como concebeu Thomas Hobbes em seu <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Leviathan_%28book%29" target="_blank"><i>Leviatã</i></a>? Ou à capacidade de pensar por si mesmo, as subjetividades de <a href="http://www.artoftheory.com/what-is-enlightenment_immanuel-kant/" target="_blank">Imannuel Kant</a>? De algum modo, <a href="http://plato.stanford.edu/entries/weber/" target="_blank">weberianamente falando</a>, pouco importa o "e" se as condições materiais da sociedade não se alteram. Pelo contrário, se reproduzem na própria ação humana.<br />
<h1 class="title">
</h1>
Ituassuhttp://www.blogger.com/profile/07505417520133730616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-347869772215220488.post-28661424742321224952014-04-10T11:10:00.000-07:002014-04-16T06:07:14.302-07:00Vem aí: oquefezseudeputado.com.br<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-T5eT37_rBLw/U0bc_WF8QfI/AAAAAAAABqs/kZfYBQihYWI/s1600/logoCOMP.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-T5eT37_rBLw/U0bc_WF8QfI/AAAAAAAABqs/kZfYBQihYWI/s1600/logoCOMP.jpg" height="196" width="200" /></a></div>
<b>No campo da E-Representação, <a href="http://oquefezseudeputado.com.br/" target="_blank">projeto</a> reunirá informações e análises sobre o que fez cada um dos 46 deputados federais<a href="https://www.blogger.com/null"> </a> do estado do Rio de Janeiro no Congresso Nacional no último mandato.</b><br />
<br />
Uma ampla literatura chama a atenção hoje para alguns problemas presentes mais ou menos de forma generalizada nas democracias contemporâneas. Um resumo das questões normalmente apontadas poderia constar de fenômenos contemporâneos como a apatia do eleitor, a ausência de efetividade da cidadania no que tange aos negócios públicos, o descolamento entre o sistema político e o cidadão, o desinteresse na política, uma visão muito negativa da política e dos políticos, uma informação política de qualidade duvidosa, baixo capital político da esfera civil, ausência de soberania popular e desconfiança generalizada da sociedade com relação à política e ao político.<br />
<br />
Nesse contexto, alguns autores chamam a atenção para a simultaneidade entre uma variedade inédita de oportunidades ao alcance do cidadão de acesso e questionamento das autoridades governamentais e um profundo sentimento de frustração e desapontamento com a capacidade do mesmo cidadão de fazer alguma diferença nas decisões políticas. Nesse sentido, algumas pesquisas apontam para um certo “desconforto compartilhado”, uma “crise de descolamento”, como um fenômeno generalizado que afeta, em diferentes graus, democracias novas e consolidadas.<br />
<div>
<br />
Esse fenômeno, por exemplo, pode ser representado pelo distanciamento entre a classe civil e os partidos, os baixos índices de comparecimento eleitoral, ao menos onde o voto não é obrigatório, e no amplo antagonismo das populações com relação à política e aos políticos. Para alguns autores, ainda colaboram para o contexto de crise a personalização midiática da política sob a figura de lideranças plebiscitárias e as mudanças no mercado de trabalho – que tornaram mais complexas as grandes categorias populacionais. Ressalta-se assim um conjunto de transformações estruturais que vem sendo caracterizado pelo uso do vocábulo “crise”, crise dos partidos, da política, da democracia, da representação.</div>
<div>
<br />
Fazem parte desse contexto mais amplo questionamentos específicos, relativos à prática da representação política nos regimes democráticos, Nesse campo, a noção de crise se sustentaria em três conjuntos de evidências: o declínio do comparecimento eleitoral, o aumento da desconfiança em relação às instituições políticas e o esvaziamento dos partidos. Os dois primeiros pontos têm por base os índices de comparecimento eleitoral nos regimes democráticos e as pesquisas de confiança e satisfação do cidadão para com as instituições políticas. O terceiro conjunto de problemas aponta para os partidos políticos, onde a burocratização excessiva das estruturas internas, o estreitamento do leque de opções políticas (com a derrota dos projetos históricos da classe operária) e, em especial, as mudanças que a mídia eletrônica introduziu na disputa política – como a personificação excessiva do debate político, a dramatização da prática política, a redução da política a eventos e espetáculos midiáticos e a formação de um público crescentemente mais consumidor que cidadão – colaborariam para o esvaziamento da relação entre a sociedade civil e as agremiações políticas, instituições clássicas que cumprem, ou ao menos deveriam cumprir, papel importante na mediação da representação política nos regimes democráticos.<br />
<br />
Afinal, além dos partidos, outro mediador consagrado em crise, ao menos de legitimidade, são os meios de comunicação, dado que a mídia é hoje o lugar fundamental da difusão de representações do mundo social, o principal instrumento de disseminação das visões de mundo e dos projetos políticos. A questão, assim, passa pelo grau de pluralidade dos discursos veiculados e pelos questionamentos em torno da representatividade das vozes presentes no discurso midiático. Se a diversidade social não está minimamente representada, há um problema para a democracia, e a existência se vê ameaçada pela ausência de voz na disputa pelas representações do mundo social.</div>
<div>
<br />
Nesse contexto, a lógica comercial das mídias de massa se torna um empecilho, dado que a presença ou não do discurso nos meios é dependente, em geral, de outros critérios, de audiência ou particulares da empresa. Soma-se a isso a percepção de que as decisões sobre esses mesmos critérios são discutidas e tomadas em geral por um grupo restrito de pessoas, normalmente pertencentes a uma mesma categoria econômica, social e cultural específica.</div>
<div>
<br />
Não à toa, os déficits de democracia são normalmente acompanhados dos déficits de comunicação pública e política presentes também na maior parte dos regimes democráticos contemporâneos. Constantemente, são levantados temas como a competição entre a política e o entretenimento pela atenção do cidadão no ambiente midiático, a reprodução constante pelo jornalismo de uma visão cínica da política, a redução da política a eventos e personalidades, os problemas políticos inerentes ao sistema <i>few to many</i> da comunicação de massa tradicional e a personificação da política favorecida pelo ambiente midiático-imagético. De modo geral, preocupa uma comunicação midiatizada que mais afasta e menos aproxima o cidadão da política, bem como a qualidade da deliberação política mediada pelos meios de comunicação de massa.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
É nesse debate que se insere o projeto "O que fez seu deputado" (<a href="http://www.oquefezseudeputado.com.br/">www.oquefezseudeputado.com.br</a>), a primeira iniciativa digital do <a href="http://www.comprio.com.br/" target="_blank">COMP: Grupo de Pesquisa em Comunicação, Internet e Política da PUC-Rio</a>. Concebido com a intenção de contribuir para o potencial de renovação da comunicação política que a Internet oferece às democracias contemporâneas, "O que fez seu deputado" é um projeto de utilidade pública, voltado para o fortalecimento da cidadania e da democracia.<br />
<br />
Leia mais em:<br />
<span style="color: black;">ITUASSU, A. <a href="http://compolitica.org/revista/index.php/revista/article/view/93" target="_blank">Repolitizando a representação: Uma teoria para iniciativas digitais em prol dos processos político-representativos no Brasil</a></span><span style="color: black;"><i>. Compolítica</i>,
Associação Brasileira de
Pesquisadores em
Comunicação e Política,
v.3, n.2, </span>(2013). </div>
Ituassuhttp://www.blogger.com/profile/07505417520133730616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-347869772215220488.post-84503638197039251512014-04-03T12:36:00.001-07:002014-04-03T18:21:05.390-07:0050 anos depois<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-Q6mYlIPPG6Q/Uz2YJAJRLAI/AAAAAAAABqA/20lqC4UcqhI/s1600/JFK_Goulart.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-Q6mYlIPPG6Q/Uz2YJAJRLAI/AAAAAAAABqA/20lqC4UcqhI/s1600/JFK_Goulart.jpg" height="200" width="200" /></a></div>
<b>Arquivo de Segurança Nacional americano divulga documentos inéditos com a transcrição de conversas de Kennedy com assessores sobre o golpe militar no Brasil.</b><br />
<br />
O <a href="http://www2.gwu.edu/~nsarchiv/" target="_blank">Arquivo de Segurança Nacional americano</a> (The National Security Archive, NSA) divulgou esta semana (02/04/2014), <a href="http://www2.gwu.edu/~nsarchiv/NSAEBB/NSAEBB465/" target="_blank">transcrições inéditas</a> de conversas do presidente <a href="http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=2&cad=rja&uact=8&ved=0CDcQFjAB&url=http%3A%2F%2Fen.wikipedia.org%2Fwiki%2FJohn_F._Kennedy&ei=oKk9U5u2FOTB0QHK0YCADA&usg=AFQjCNEdubKtDEIRK3ML8Cs_BNqzneEPJg&bvm=bv.63934634,d.dmQ" target="_blank">John F. Kennedy</a> com assessores sobre o golpe militar no Brasil. O NSA fica na <a href="http://www.gwu.edu/" target="_blank">Universidade George Washington</a> e já havia divulgado, por conta dos 40 anos do golpe, <i><a href="http://www2.gwu.edu/~nsarchiv/NSAEBB/NSAEBB118/index.htm" target="_blank">audio tapes</a> </i>do presidente <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Lyndon_B._Johnson" target="_blank">Lyndon Johnson</a>, sucessor de Kennedy, clamando que os Estados Unidos fariam "tudo que fosse possível" no apoio à queda de João Goulart.<br />
<br />
Os documentos se juntam aos muitos já divulgados em Washington sobre ações e conversas de Kennedy, Johnson e seus respectivos assessores, incluindo o embaixador <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Lincoln_Gordon" target="_blank">Lincoln Gordon</a> e o coronel <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Vernon_A._Walters" target="_blank">Vernon Walters</a>, sobre a <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/1964_Brazilian_coup_d%27%C3%A9tat#Operation_Brother_Sam" target="_blank">Operação Brother Sam</a>, como foi chamado o plano de apoio dos EUA ao golpe no Brasil. Nesse contexto, entretanto, ainda faltam os registros das operações clandestinas da CIA, a <a href="https://www.cia.gov/index.html" target="_blank">Central de Inteligência Americana</a>, para desestabilizar a Presidência João Goulart entre 1961 e 1964. Esses documentos, ainda secretos, seriam, segundo Peter Kornbluh, que dirige o Projeto de Documentação sobre o Brasil no NSA, a "caixa preta dessa história toda". Recentemente, Kornbluh entrou com um pedido ao governo Barack Obama para que libere esses arquivos.<br />
<br />
Um fato interessante dos registros divulgados agora é perceber que a primeira gravação feita por Kennedy no <a href="http://www.whitehouse.gov/about/oval-office" target="_blank">Salão Oval da Casa Branca</a> – o presidente inaugurou secretamente esta prática – aborda a situação no Brasil. "Acho que um trabalho importante que temos de fazer é fortalecer os militares", disse o embaixador Lincoln Gordon, em 30 de julho de 1962, para o presidente Kennedy e seu assessor <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Richard_N._Goodwin" target="_blank">Richard Goodwin</a>. Gordon continuou, afirmando que os Estados Unidos deveriam "deixar claro, de modo discreto", que não seriam "necessariamente hostis a uma ação militar, se estiver claro que o motivo para tanto é a entrega do país aos...", "comunistas", completou Kennedy.<br />
<br />
Durante o encontro, o presidente e seus assessores decidiram elevar os contatos com os militares brasileiros, trazendo para campo o coronel Vernon Walters, que se tornaria o principal agente secreto americano na preparação do golpe. "Nós bem que poderíamos desejar que eles [os militares brasileiros] assumissem no fim do ano", sugeriu Goodwin, na reunião de julho de 1962, "se eles forem capazes".<br />
<br />
Os documentos confirmam a faceta agressiva de Kennedy já conhecida no meio acadêmico, mas talvez pouco reconhecida em ambientes mais leigos. JFK, na verdade, acendeu o pavio da Guerra Fria desde a campanha. Um exemplo clássico disso foi a forma como atacou o presidente Eisenhower, acusando-o de
permitir que os soviéticos <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Missile_gap" target="_blank">tivessem passado à frente</a> dos Estados Unidos tanto na corrida armamentista quanto na espacial, e apenas na segunda isso era verdade.<br />
<br />
Apesar de não ter sido o mentor do plano de retirada de Fidel Castro do
poder e de não ter envolvido as Forças Armadas norte-americanas na
invasão da Baía dos Porcos, JFK estava ciente do fato e deu luz verde à
operação comandada pela CIA. Para muitos historiadores, a Crise dos
Mísseis e o quase desastre ocorrido na viagem-teste apressada do
primeiro submarino nuclear soviético, o <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Soviet_submarine_K-19" target="_blank">K-19</a> (conhecido como o “fazedor de viúvas”, ou “Hiroshima”, pela Marinha russa, e cuja história foi transformada em <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/K-19:_The_Widowmaker" target="_blank">filme</a>
com Harrison Ford), foram respostas da linha-dura no Kremlin à
agressividade de Kennedy.<br />
<br />
<div>
Na verdade, Eisenhower deixou a Kennedy uma
vantagem significativa na corrida armamentista da Guerra Fria. Ainda
assim, JFK, ao tomar posse, iniciou a produção de 1000 mísseis
balísticos intercontinentais, além de 32 <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/UGM-27_Polaris" target="_blank">submarinos Polaris</a>,
com mais 656 mísseis. Moscou, no mesmo momento, não tinha um submarino
sequer capaz de lançar mísseis balísticos até o K-19, que podia carregar apenas
três. Na época, enquanto os soviéticos tinham 50 bombardeiros com capacidade de carregar ogivas nucleares, os americanos tinham mais de 500.</div>
Ituassuhttp://www.blogger.com/profile/07505417520133730616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-347869772215220488.post-50752015028403778902014-03-27T13:40:00.000-07:002014-03-30T18:58:22.077-07:00Conhecimento e cidadania<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-w1zWN2LOM_g/UzSC3GDGIHI/AAAAAAAABos/LlIL86aAu7A/s1600/transparencia.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-w1zWN2LOM_g/UzSC3GDGIHI/AAAAAAAABos/LlIL86aAu7A/s1600/transparencia.jpg" height="177" width="200" /></a></div>
<b>Instituto de pesquisa britânico produz relatório sobre o impacto de iniciativas pró-transparência no acesso à informação e nas demandas por prestação de contas.</b><br />
<div>
<br />
O instituto de pesquisa <a href="http://www.gsdrc.org/go/about-us" target="_blank">GSDRC</a>, sigla para Governance, Social Development, Humanitarian and Conflict, publicou em janeiro deste mês <a href="http://ofti.org/wp-content/uploads/2014/03/88303_HDQ1067.pdf?utm_content=buffer517d4&utm_medium=social&utm_source=twitter.com&utm_campaign=buffer" target="_blank">um relatório</a> encomendado pelo governo britânico sobre o impacto de iniciativas em favor de mais transparência política no acesso do cidadão à informação e nas demandas da sociedade por prestação de contas. Segundo o texto, mais informação sobre os agentes políticos é algo sempre bem-vindo, mas não suficiente para produzir um cidadão mais informado ou demandas sociais mais amplas de <i><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Accountability" target="_blank">accountability</a></i>.<br />
<br />
Para o estudo, feito com base na literatura mais recente sobre o tema, fatores que influenciam a relação entre mais e melhor informação disponível e o acesso do cidadão são: 1) a qualidade da informação disponível – <i>much open and transparent data in name is in practice not accessible to citizens</i>; 2) a capacidade do cidadão de interpretá-las, dependente dos níveis contextuais de acesso à tecnologia, educação, <i>digital literacy </i>e <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Social_capital" target="_blank">capital social</a> – ou o poder de influência das redes que são estabelecidas entre os cidadãos na sociedade; 3) discriminação e desigualdades sociais, ou seja, o poder da transparência de promover inclusão e <i>empoderamento</i> pode ser diminuído frente às persistentes desigualdades que atuam contra o acesso à informação por grupos de alguma forma marginalizados ou em desvantagem social; 4) novas tecnologias de informação e comunicação, que apresentam o potencial de reduzir a distância entre os dados e o cidadão, mas que podem também criar novos processos de desigualdade com os déficits humanos e tecnológicos envolvidos em seu uso; e 5) o papel dos "infomediadores", como a mídia, desenvolvedores, organizações civis e internacionais, que atuam (positiva e/ou negativamente, a depender do caso) na aproximação entre o cidadão e a informação governamental ou política.<br />
<br />
No mesmo sentido, fatores que influenciam o fortalecimento das demandas por prestação de contas a partir de iniciativas voltadas para a transparência dos processos políticos incluem, segundo o estudo: 1) no lado da oferta, o grau de democratização, vontade política e incentivos estruturais no que diz respeito aos provedores de informação e os agentes políticos, bem como os processos de transição, as oportunidades para reforma que surgem de crises políticas e econômicas e a divulgação ampla de casos de corrupção generalizada no sistema político; 2) no lado da demanda, a questão se a informação compartilhada propicia ou não um entendimento maior sobre o comportamento do governo e como sugerir ou defender mudanças, o engajamento dos cidadãos no desenho e na implementação de políticas de transparência, os "gatilhos contextuais" que favorecem mudanças de comportamento, a capacidade da sociedade civil de desempenhar seu papel nesses processos e a influência externa na promoção de normas globais de transparência e sua capacidade de influenciar os contextos nacionais; e 3) na interligação entre governo e sociedade, a qualidade dessa relação e o investimento na criação de novos espaços para a colaboração construtiva na disseminação, no entendimento e uso da informação para o fortalecimento dos processos de prestação de contas e responsividade.<br />
<br />
Ao fim, fica claro que, como bem afirma <a href="http://ofti.org/wp-content/uploads/2014/03/88303_HDQ1067.pdf?utm_content=buffer517d4&utm_medium=social&utm_source=twitter.com&utm_campaign=buffer" target="_blank">o estudo do GSDRC</a>, iniciativas em favor de mais transparência são bem-vindas mas não suficientes para se exaltar uma transformação dos sistemas políticos ou uma democratização maior do Estado e de seus processos. Para tanto, é preciso avaliar caso a caso e, em especial, relacionar a qualidade e/ou a natureza da informação tornada disponível com o contexto político e social no qual ela está inserida. O relatório, assim, é um ponto contra os que pensam, talvez ingenuamente, que as tecnologias de comunicação isoladas são capazes de transformar as sociedades e os regimes políticos para melhor, sem notar que, muitas vezes, é o uso da técnica que cria barreiras ou reforça aquelas já existentes.</div>
Ituassuhttp://www.blogger.com/profile/07505417520133730616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-347869772215220488.post-27787441392700920882014-03-20T10:59:00.001-07:002014-03-21T18:47:54.091-07:00Os rumos da história<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-1SBKniCdTp8/Uyr7DSyPdXI/AAAAAAAABm0/pRJ0uTtweLo/s1600/leme.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-1SBKniCdTp8/Uyr7DSyPdXI/AAAAAAAABm0/pRJ0uTtweLo/s1600/leme.jpg" height="187" width="200" /></a></div>
<b>O que está por trás da polarização política na Venezuela.</b><br />
<b><br /></b>
O site <a href="http://fivethirtyeight.com/" target="_blank">FiveThirtyEight</a>, editado pelo estatístico americano <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Nate_Silver" target="_blank">Nate Silver</a>, famoso pelos prognósticos para o campeonato de baseball e as eleições presidenciais nos Estados Unidos, publicou agora em meados de março uma excelente <a href="http://fivethirtyeight.com/features/why-venezeulas-middle-class-is-taking-to-the-streets/" target="_blank">análise de Dorothy Kronick</a> sobre o que está por trás da excessiva polarização política na Venezuela. A autora é estudante de doutorado na <a href="http://www.stanford.edu/" target="_blank">Universidade Stanford</a>.<br />
<br />
A partir do diagnóstico de que são as classes média e alta que protestam hoje contra o presidente Nicolás Maduro, e não a classe mais baixa, a autora pergunta: se ambos os grupos sofrem com o atual racionamento de alimentos, altíssima inflação e um perigoso contexto de violência social, o que os divide em relação ao governo em Caracas? Para Kronick, a resposta está no fato de que detratores e defensores do atual governo venezuelano avaliam o chavismo de forma diferenciada. Enquanto aqueles pró-oposição comparam a situação atual da Venezuela com o desenvolvimento histórico recente de outras nações latino-americanas, partidários do regime bolivarista analisam o momento em relação ao passado pré-Hugo Chávez.<br />
<br />
Nesse contexto, Kronick lembra que, após a bonança dos anos 1970, os choques do petróleo e as crises dos anos 1980 e 1990 geraram um "pesadelo econômico". Nesse sentido, em relação ao desastre anterior, a Venezuela demonstrou recuperação após a chegada do socialismo bolivariano. A renda subiu e a pobreza caiu, como mostram os gráficos 1 e 2 abaixo, com base em informações do Banco Mundial e do Banco Central venezuelano.<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<b>Gráfico 1</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-hpkAYnz692c/UysEwGXMEcI/AAAAAAAABnE/eeNHvHhAonc/s1600/venezuela1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-hpkAYnz692c/UysEwGXMEcI/AAAAAAAABnE/eeNHvHhAonc/s1600/venezuela1.png" height="239" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<b>Gráfico 2</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-VUfxIbYJLi8/UysFJFYZY5I/AAAAAAAABnM/LNe-vRXOTOM/s1600/venezuela2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-VUfxIbYJLi8/UysFJFYZY5I/AAAAAAAABnM/LNe-vRXOTOM/s1600/venezuela2.png" height="239" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<b><br /></b></div>
Não à toa aqueles que apóiam o governo temem o retorno dos tempos pré-Chávez. Quinze anos depois da revolução bolivariana, o slogan político governista "No volverán" se mantém forte para boa parte da população venezuelana. No entanto, mesmo o sucesso pode ser relativizado e aí surgem as bases para a discordância. Afinal, o preço do petróleo, que girava em torno de US$ 10 nos anos 1980 e 1990, explodiu na virada do século, como mostra o Gráfico 3 abaixo. Frente ao aumento impressionante do preço do principal produto venezuelano pergunta-se: foi o regime bolivariano tão bem sucedido assim?<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<b>Gráfico 3</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-3Leqt8kPWZ0/UysI9M9wdVI/AAAAAAAABnY/WHpAZJM7Dso/s1600/venezuela3.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-3Leqt8kPWZ0/UysI9M9wdVI/AAAAAAAABnY/WHpAZJM7Dso/s1600/venezuela3.png" height="249" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: left;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: left;">
Na comparação com o desenvolvimento de outros países da América Latina, a Venezuela não vem se saindo bem. Os gráficos 4, 5 e 6 mostram isso, no que diz respeito à média do crescimento do PIB per capita entre 1999 e 2012 (Gráfico 4), à inflação média anual no mesmo período (Gráfico 5) e à média anual de redução da mortalidade infantil no intervalo (Gráfico 6). As colunas em vermelho representam a posição venezuelana em meio a outras nações do continente.<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<b>Gráfico 4</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-Rr_cfremz64/UysnoRiAJ0I/AAAAAAAABno/fCImKFCM6ew/s1600/venezuela4.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-Rr_cfremz64/UysnoRiAJ0I/AAAAAAAABno/fCImKFCM6ew/s1600/venezuela4.png" height="236" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<b><br /></b></div>
</div>
<div style="text-align: center;">
<b>Gráfico 5</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-VoF3Mf2CIyo/UysnwQQFRrI/AAAAAAAABnw/hQjESpAvfGA/s1600/venezuela5.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-VoF3Mf2CIyo/UysnwQQFRrI/AAAAAAAABnw/hQjESpAvfGA/s1600/venezuela5.png" height="238" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: center;">
<b>Gráfico 6</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-OxNfoQn_Bog/UysoPCR5ySI/AAAAAAAABn4/VKvhRe2U41o/s1600/venezuela6.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-OxNfoQn_Bog/UysoPCR5ySI/AAAAAAAABn4/VKvhRe2U41o/s1600/venezuela6.png" height="237" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<b><br /></b></div>
Nesse contexto, para Dorothy Kronick, o que poderia ajudar os venezuelanos hoje seria algum tipo de aprendizado recíproco. Em especial, segundo a autora, sobre o que dizem os dados comparativos com o desenvolvimento histórico recente de outros países da região. Por um viés mais político, no entanto, pode-se dizer que os números são apenas uma parte de um impasse no qual estão presentes questionamentos legítimos sobre a capacidade da democracia liberal venezuelana de construir um ambiente com padrões mínimos de justiça social e a possibilidade do regime bolivarista de se constituir em um poder não só eficiente em termos de governância como realmente democrático e regido por padrões mínimos de igualdade cidadã em sua ação.Ituassuhttp://www.blogger.com/profile/07505417520133730616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-347869772215220488.post-62481957511371100942014-03-13T10:11:00.001-07:002014-03-16T13:43:25.245-07:00Democracia e representação<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-QaMTs6FxC0I/UyG10mwDm_I/AAAAAAAABgU/pld3w9_f8-M/s1600/representation2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-QaMTs6FxC0I/UyG10mwDm_I/AAAAAAAABgU/pld3w9_f8-M/s1600/representation2.jpg" /></a></div>
<b>Publicação brasileira dialoga com novas perspectivas sobre a prática representativa em regimes democráticos.</b><br />
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<b><br /></b></div>
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O professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UNB) <a href="http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4727328Z4" target="_blank">Luis Felipe Miguel</a> acaba de lançar, pela editora Unesp, o livro <a href="http://www.editoraunesp.com.br/catalogo/9788539305001,democracia-e-representacao" target="_blank">Democracia e representação: Territórios em disputa</a>. A obra vem se juntar a uma série de novos trabalhos sobre o tema que, para alguns autores, acaba por constituir, junto com os movimentos populares mais recentes, uma retomada da discussão sobre a representação política nos regimes democráticos.</div>
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<br /></div>
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Afinal, uma ampla literatura ressalta hoje uma gama de fenômenos históricos e sociais recentes que teriam modificado as condições nas quais a representação política se desenvolveria nas democracias contemporâneas. Alguns autores, por exemplo, apontam para uma crise no "pensamento standard" da representação, que se limitaria a conceber a prática às formas eleitorais e a partir de uma base territorial específica - o Estado-nação. É ressaltado, por exemplo, nesse contexto, o surgimento de arenas decisórias transnacionais, onde proliferam atores e temas de natureza não-territorial que escapariam do alcance da "representação standard", com base no voto e circunscrita ao Estado. </div>
<br />
Além disso, a literatura chama a atenção para o fato de que temas e arenas decisórias coletivas, nos níveis nacional e supranacional, estão hoje sob controle de especialistas, que percorrem caminhos distantes das tradicionais instituições da representação em regimes democráticos. Soma-se a tudo isso a relativização do caráter igualitário da democracia representativa moderna por demandas de reconhecimento, equalização ou compensação de grupos estabelecidos em torno de características, identidades ou condições sociais e/ou culturais. Tais demandas estariam produzindo um discurso de representação com base em lógicas diferentes daquelas ligadas ao igualitarismo e universalismo do “modelo standard” eleitoral e territorial. <br />
<br />
São apontadas, assim, novas estruturas e oportunidades para a representação e a influência política, que não apenas refletiriam em parte um papel diminuído das estruturas formais nos processos decisórios, mas se constituiriam de uma crescente diversificação das formas público-discursivas e de associação nas sociedades contemporâneas.<br />
<br />
Em meio a toda essa discussão, não à toa surgem também questões sobre a legitimidade e o caráter democrático das representações de tipo não-eleitoral e não-territorial, ou mesmo das chamadas “invocações ou reivindicações de representação”, que estão presentes na teoria mais recente sobre o tema. Nesse contexto, a literatura alerta para a diluição das certezas sobre “quem 'fala', por quem e com que autoridade”. Uma <a href="http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&ved=0CCsQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.scielo.br%2Fpdf%2Fln%2Fn67%2Fa04n67.pdf&ei=I-ghU6gL0ISiBJXWgcgB&usg=AFQjCNHs_ZqDciaQ7D4sOkXdEEs4wD_iFQ&bvm=bv.62922401,d.cGU" target="_blank">pesquisa</a> feita em São Paulo e na Cidade do México afirma, por exemplo, que o ceticismo frente ao crescente protagonismo das organizações civis como agentes de intermediação política se mostra pertinente.<br />
<div>
<br /></div>
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Inserido nesse debate, o livro de Luis Felipe Miguel ressalta a necessidade de se reforçar os mecanismos de controle e acompanhamento por parte do cidadão da prática representativa e desconfia das novas formas de pensar a representação política nas democracias contemporâneas, apresentadas pela literatura mais recente. Segundo o autor, como está na quarta capa de sua obra, "representação e democracia são 'territórios em disputa' porque tanto podem se concretizar em arranjos que favorecem a perpetuação das assimetrias e das relações de dominação quanto podem ampliar o custo de sua reprodução e, assim, contribuir para combatê-las". Nesse contexto, continua, a "teoria política não é um lugar neutro; ao contrário, é partícipe desta disputa, sem que isso signifique engajamento cego, redução da complexidade do real ou abandono do rigor na produção do argumento". <br />
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Ao fim, a meu ver, mais importante que as questões intrínsecas ao debate é perceber o quanto a discussão sobre a representação democrática, ora pensada a partir de uma “crise de representação” ou “crise da democracia representativa”, ora concebida através da necessidade de se reconfigurar os processos representativos a novas condições, tornou-se mais denso nos últimos anos, com a presença de uma multiplicidade de perspectivas e teorias normativas, pós-modernas, dos campos da comunicação política, da sociedade civil, das relações internacionais e da própria teoria democrática. Uma literatura que carrega o potencial de gerar reflexões sobre os processos que constituem a representação nas democracias contemporâneas, reafirmando dessa forma a própria posição da representação na teoria da democracia.</div>
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<br /></div>
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<b>Para saber mais:</b></div>
<div>
- CASTIGLIONE, D.; WARREN, M.E. Rethinking Democratic Representation: Eight Theoretical Issues. Texto apresentado no seminário Rethinking Democratic Representation, Centre for the Studies of Democratic Institutions, University of British Columbia, 18-19 de maio de 2006.</div>
- LAVALLE, A.G.; HOUTZAGER, P.; CASTELLO, G. Democracia, pluralização da representação e sociedade civil. Lua Nova, n. 67, 2006, p. 49-103.<br />
- MANSBRIDGE, J. Representation Revisited. Democracy & Society, vol. 2, n. 1, 2004, p. 1, 14-19. <br />
- MANSBRIDGE, J. Rethinking Representation. American Political Science Review, vol. 97, n. 4, Novembro, 2003, p. 515-528.<br />
- NÄSTRÖM, S. Where is the representative turn going? European Journal of Political Theory, vol. 10, n. 4, 2011, p. 501-510.<br />
- REHFELD, A. Representation Rethought: On Trustees, Delegates, and Gyroscopes in the Study of Political Representation and Democracy. American Political Science Review, vol. 103, n. 2, Maio, 2009, p. 214-230.<br />
- SAWARD, M. The Representative Claim. Nova York: Oxford University Press, 2010.<br />
- SHAPIRO, I.; STOKES, S.C.; WOOD, E.J.; KIRSHNER, A.S. (eds.). Political Representation. Nova York: Cambridge University Press, 2009.<br />
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- VIEIRA, M.B.; RUNCIMAN, D. Representation. Londres: Polity Press, 2008.</div>
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- URBINATI, N. O que torna a representação democrática? Lua Nova, n. 67, 2006, pp. 191-228.</div>
<div>
- URBINATI, N. Representative Democracy: Principles and Genealogy. Chicago e Londres: University of Chicago Press, 2008. </div>
Ituassuhttp://www.blogger.com/profile/07505417520133730616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-347869772215220488.post-38397270860547311602014-03-07T05:19:00.000-08:002014-03-14T05:27:02.192-07:00A crise na Venezuela<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-1DcZ8VQZ4U0/Uxh6r8aqOrI/AAAAAAAABfQ/5PsAmXUKPx4/s1600/venezuela.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-1DcZ8VQZ4U0/Uxh6r8aqOrI/AAAAAAAABfQ/5PsAmXUKPx4/s1600/venezuela.jpg" height="168" width="200" /></a></div>
<b>Imbróglio pressiona instituições e ameaça estabilidade política na região.</b><br />
<br />
Em meio ao <a href="http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/02/140217_protestos_venezuela_entenda_cc.shtml" target="_blank">acirramento da situação na Venezuela</a>, o instituto <a href="http://www.wilsoncenter.org/article/the-crisis-venezuela-what-role-for-the-international-community" target="_blank">Wilson Center</a>, em Washington, convidou quatro especialistas para debater qual deve ser o papel de institutições internacionais e nações como o Brasil ou os Estados Unidos na crise venezuelana. Foram chamados para a discussão <a href="http://www.wilsoncenter.org/article/the-crisis-venezuela-what-role-for-the-international-community" target="_blank">"The Crisis in Venezuela: What Role for the International Community"</a>: o diretor do Departamento de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade Di Tella, em Buenos Aires, <a href="http://www.wilsoncenter.org/staff/juan-gabriel-tokatlian" target="_blank">Juan Tokatlian</a>; o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), <a href="https://www.google.com.br/search?q=Jos%C3%A9+Miguel+Insulza&oq=Jos%C3%A9+Miguel+Insulza&aqs=chrome..69i57j0j69i60j0l3.419j0j7&sourceid=chrome&espv=210&es_sm=119&ie=UTF-8" target="_blank">José Miguel Insulza</a>; o ex-diplomata americano <a href="http://www.wilsoncenter.org/staff/philip-french" target="_blank">Philip French</a>; e o analista brasileiro <a href="http://www.wilsoncenter.org/staff/paulo-sotero" target="_blank">Paulo Sotero</a>, diretor do <a href="http://www.wilsoncenter.org/program/brazil-institute" target="_blank">Brazil Institute</a>, no Wilson Center. Os quatro, em geral, buscam diagnósticos e soluções para a sobrevivência das institutições venezuelanas em meio à polarização que, radicalizada, pode gerar efeitos políticos a todo o continente.<br />
<br />
Para Tokatlian, a principal preocupação da comunidade internacional hoje com relação à Venezuela deve ser a prevenção de qualquer forma de autoritarismo de esquerda ou direita no país. Segundo ele, a radicalização do contexto venezuelano pode produzir caos social ou mesmo uma guerra civil, transformando-se em um foco de instabilidade com grande potencial de polarizar as políticas internas dos países da região – no caso brasileiro, um elemento a mais no já conturbado momento de Copa do Mundo, eleições e manifestações pelo país. <br />
<br />
Ainda segundo Tokatlian, não há no continente uma instituição internacional com legitimidade para mediar os conflitos políticos na Venezuela, seja a <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Community_of_Latin_American_and_Caribbean_States" target="_blank">Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos</a> (Celac), da qual Estados Unidos e Canadá não fazem parte, a <a href="http://www.oas.org/pt/" target="_blank">Organização dos Estados Americanos</a> (OEA), da qual Cuba não faz parte, ou a <a href="http://www.itamaraty.gov.br/temas/america-do-sul-e-integracao-regional/unasul" target="_blank">União das Nações Sul Americanas</a> (Unasul), que é vista pela oposição venezuelana como pró-chavista.<br />
<br />
Dessa forma, para o professor, uma saída seria a promoção de negociações por um grupo formado por Estados Unidos, México, Colômbia, Brasil, Argentina, Bolívia e Cuba. No entanto, o próprio analista desacredita a viabilidade da reunião de um espectro tão divergente de nações.<br />
<br />
O secretário-geral da OEA, o chileno José Miguel Insulza, faz um pronunciamento político. Prega a necessidade do diálogo e condena a violência como estratégia. Em seu texto, o ponto principal talvez seja afirmar que a Venezuela tem "um governo eleito democraticamente, com um significativo e visível apoio popular". Apesar da divisão, argumenta Insulza, "tais são fatos indisputáveis". Além disso, o secretário-geral demonstra não acreditar que a crise possa ser resolvida com intervenção externa: "The crisis will not be resolved from the outside", afirma.<br />
<br />
O ex-diplomata americano Philip French também lembrou que "muitos venezuelanos apoiam o presidente Nicolás Maduro". Afinal, escreve o analista, foram a corrupção e uma maioria pobre e ignorada pela elite tradicional venezuelana durante décadas que levaram Chávez ao poder 15 anos atrás. Segundo French, os governos Chávez e Maduro desperdiçam há anos, de forma flagrante e até "criminosa", um capital político sem precedentes na Venezuela e os enormes recursos advindos da exploração de petróleo no país. Entretanto, apesar da inflação recorde, da insegurança e da escassez de produtos, algo em torno de metade dos venezuelanos apoiam o governo atual, a julgar pelas pesquisas e os resultados das eleições municipais e estaduais de dezembro de 2013.<br />
<br />
Nesse contexto, segundo French, os Estados Unidos devem continuar a condenar a violência e os abusos aos direitos humanos na Venezuela e pressionar aqueles que têm feito vista grossa ao que acontece em Caracas, "como o Brasil e a OEA", afirma. No entanto, o ex-diplomata americano argumenta que qualquer retórica ou ação de Washington na crise venezuelana deve reconhecer o ressentimento legítimo das massas por trás de Hugo Chávez e Nicolás Maduro em relação às elites no país. Para French, qualquer que seja o próximo governo venezuelano, este terá que respeitar igualmente as aspirações chavistas e da oposição.<br />
<br />
Por fim, o analista brasileiro Paulo Sotero lembrou das atuações passadas de Fernando Henrique Cardoso e Luis Inácio Lula da Silva em crises na região, que poderiam servir de inspiração a Dilma Rousseff em como tratar do imbróglio vizinho. Em 2002, no último ano do segundo mandato, FHC denunciou a tentativa de golpe contra o então presidente Hugo Chávez como uma violação da <a href="http://www.oas.org/charter/docs/resolution1_en_p4.htm" target="_blank">cláusula democrática inter-americana</a>, assinada em Lima em 11 de setembro de 2001.<br />
<br />
No início de 2003, Lula liderou a criação do "Grupo de Amigos" da Venezuela e, em 2008, o então presidente agiu decisivamente para apaziguar uma crise interna na Bolívia, minando a estratégia de confrontação levada à frente por Hugo Chávez. Para Paulo Sotero, a atual crise venezuelana requer do Brasil a articulação de uma resposta coletiva no âmbito da Unasul.<br />
<br />
Ao fundo das quatro posições está o alerta de que é preciso manter de pé as instituições políticas venezuelanas. Uma opção nesse sentido que vem sendo levantada, como bem lembra Sotero, é a proposta pelo governador do <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Miranda_(state)" target="_blank">estado de Miranda</a> Henrique Capriles. Derrotado por pouco nas presidenciais do ano passado, <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Henrique_Capriles_Radonski" target="_blank">Capriles</a> aposta no <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Recall_election" target="_blank"><i>recall</i> eleitoral</a> de meio de mandato, previsto pela Constituição venezuelana.Ituassuhttp://www.blogger.com/profile/07505417520133730616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-347869772215220488.post-86924494918085735092014-02-21T11:06:00.000-08:002014-02-23T12:58:31.257-08:00Grã-Bretanha discute voto obrigatório<a href="http://1.bp.blogspot.com/-4PxNrTwNlqI/UweT6tRtuaI/AAAAAAAABds/u58a-QJZ1iU/s1600/voto.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-4PxNrTwNlqI/UweT6tRtuaI/AAAAAAAABds/u58a-QJZ1iU/s1600/voto.jpg" /></a><b>Ao contrário do que ocorre no Brasil, britânicos questionam voto facultativo.</b><br />
<br />
A organização britânica <a href="http://www.ippr.org/about-us">Institute for Public Policy Research</a> publicou este mês um <a href="http://www.ippr.org/articles/56/11920/ending-the-vicious-cycle-compulsory-turn-out-for-first-time-voters">artigo</a> de três dos seus pesquisadores em defesa do voto obrigatório na Grã-Bretanha. Na verdade, como a reação à ideia de tornar compulsório o comparecimento às urnas é muito forte por lá – em geral os britânicos acham que obrigar o cidadão a votar é uma medida não democrática –, os autores optaram por fazer o que chamam de uma proposta "mais realista", ou seja, a de tornar o voto obrigatório somente para os jovens no primeiro pleito em que estiverem aptos a participar. Na Grã-Bretanha, a idade mínima para votar é 18 anos, mas os britânicos também <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Voting_age#United_Kingdom">estudam</a> reduzí-la para 16 anos.<br />
<br />
A ideia, que segue na contramão do que se <a href="http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/12/henrique-alves-promete-discutir-voto-obrigatorio-e-reeleicao-no-executivo.html">debate no Brasil</a>, tem por base não somente o fato de que o comparecimento às urnas tem decrescido na Grã-Bretanha, como <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Voter_turnout" target="_blank">em boa parte das democracias tradicionais</a> que não utilizam o voto obrigatório, mas do crescimento exponencial do que o IPPR chama de "desigualdade no comparecimento". Como afirma um <a href="http://www.ippr.org/publication/55/11420/divided-democracy-political-inequality-in-the-uk-and-why-it-matters">estudo</a> publicado pela instituição no fim do ano passado, a participação eleitoral tem caído de forma drástica na Grã-Bretanha entre os jovens e os mais pobres.<br />
<br />
Segundo a pesquisa, a diferença no comparecimento em 1987 entre o grupo mais rico e o mais pobre na Grã-Bretanha era de 4 pontos percentuais. Em 2010, essa diferença foi de 23 pontos percentuais. No que diz respeito à faixa etária dos eleitores, apenas 44% daqueles entre 18 e 24 anos votaram em 2010, enquanto 76% daqueles acima de 65 anos compareceram no mesmo pleito. O estudo do IPPR mostra que essa diferença, de 32 pontos percentuais em 2010, era de 18 pontos percentuais em 1970.<br />
<br />
Para os pesquisadores, o problema da "desigualdade no comparecimento" é que ela reduz os incentivos para que os governantes respondam aos interesses daqueles que não votam, ameaçando um tema central da democracia, ou seja, o igualitarismo político eleitoral e sua capacidade de nulificar as diferenças de renda, status, conhecimento, educação ou qualquer outra distinção que ocorra entre os cidadãos na condução da política.<br />
<br />
Nesse contexto, a ideia de promover algum tipo de comparecimento obrigatório tem a intenção de quebrar um ciclo vicioso. Afinal, a desigualdade no comparecimento tem levado os partidos britânicos a focar sua comunicação nos grupos mais dispostos a votar, que acabam por ter mais chance de ver seus interesses atendidos do que aqueles que não comparecem. Os ausentes, por sua vez, têm reforçado seu descontentamento com a política porque não veem suas vontades contempladas pela representação, o que gera mais insatisfação e reforça o desejo de não participar.<br />
<br />
No Brasil, o comparecimento dos jovens às urnas também têm decrescido, já que o voto é opcional para aqueles entre 16 e 18 anos. Se eles foram 4% do eleitorado no pleito presidencial de 1989, em 1998 o índice foi de 1,78%. Em 2010, mesmo depois de intensa campanha do governo federal para que os mais jovens votassem, os eleitores dessa faixa etária contabilizaram somente 2,51% do eleitorado.<br />
<br />
Na verdade, alguns <a href="http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=74211535002" target="_blank">estudos</a> sugerem que a obrigatoriedade eleva em até 50 pontos percentuais o comparecimento eleitoral <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/File:Compulsory_voting.svg" target="_blank">nos países que fazem tal opção</a>. Sobre esse ponto, uma referência clássica é o caso da Venezuela, que modificou sua legislação em 1993, eliminando as penalidades aos faltosos. Após a mudança, a média de 90% caiu para níveis próximos a 60% de comparecimento.
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<a href="http://4.bp.blogspot.com/-iTHWRy04YWg/Uvz99Tx30CI/AAAAAAAABdM/oBHqEE6tSV8/s1600/jornalismo_democracia.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-iTHWRy04YWg/Uvz99Tx30CI/AAAAAAAABdM/oBHqEE6tSV8/s1600/jornalismo_democracia.jpg" height="163" width="200" /></a></div>
<b>Morte de repórter-cinematográfico em manifestação joga luz sobre o papel da imprensa no regime democrático brasileiro.</b><br />
<b><br /></b>
A morte do repórter-cinematográfico Santiago Idílio de Andrade, da Rede Bandeirantes, na segunda-feira (10/02/2014), provocou uma avalanche de editoriais na grande mídia brasileira em defesa da liberdade de imprensa no país e da importância do jornalismo para o ambiente democrático no Brasil. Em <a href="http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2014/02/editorial-da-rede-globo-sobre-morte-de-cinegrafista.html" target="_blank">editorial</a> veiculado na edição do mesmo dia da morte de Santiago, o <i>Jornal Nacional</i>, por exemplo, afirmou que "é essencial, numa democracia, um jornalismo profissional, que busque sempre a isenção e a correção para informar o cidadão do que está acontecendo. E o cidadão, informado de maneira ampla e plural, escolha o caminho que quer seguir". O texto termina afirmando: "Sem cidadãos informados não há democracia".<br />
<br />
No dia seguinte, <a href="http://oglobo.globo.com/opiniao/os-inimigos-da-democracia-11575241" target="_blank">editorial</a> do jornal <i>O Globo</i><i> </i>argumentou: "Se grupos radicais buscavam um cadáver nas manifestações de rua, conseguiram. Mas não foi o que poderiam imaginar. Em vez de jogar mais combustível na ferocidade do vandalismo em cima do corpo de um manifestante, mataram um repórter-cinegrafista no exercício de uma atividade essencial para a democracia, relatar os fatos para a sociedade". Ao fim, diz o periódico, "Atingiram a própria democracia, que tanto desprezam".<br />
<br />
Também no dia 11, a <i>Folha </i>afirmou em <a href="http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/151680-triste-e-injustificavel.shtml" target="_blank">editorial</a>: "Identificar, julgar e punir autor e cúmplices do disparo que matou Andrade é tarefa urgente para evitar danos ainda mais graves. Com desenvoltura incontida, esses delinquentes têm transformado atos pacíficos em campos de batalha, ameaçando a segurança de quem está por perto e minando importantes pilares da democracia. Um deles é a própria legitimidade das manifestações. (...) O outro é a liberdade de imprensa".<br />
<br />
A relação entre jornalismo e democracia é um tema tradicional no campo da Comunicação e Política, e a imprensa é em geral tida como uma das mais importantes instituições que sustentam os regimes democráticos. O jornalismo fiscaliza políticos e governos, informa o cidadão, cobra, denuncia e debate temas da política ou comuns à sociedade. Na verdade, a política acaba sendo nos Estados modernos – se não em sua totalidade, ao menos em sua boa parte – o que se chama de "realidade mediada", ou seja, o cidadão tem contato com a política basicamente por meio do jornalismo midiatizado, que assume papel fundamental no desenvolvimento das democracias.<br />
<br />
Apesar disso, a relação entre jornalismo e democracia não é, nem poderia ser, algo pronto, estabelecido, que não possa ser problematizado.<i> </i>Ou seja, o fato de haver imprensa livre e democracia não implica uma relação 100% benéfica para o regime democrático ou a sociedade. Na verdade, trata-se de um objeto complexo, para onde se deslocam inúmeras <a href="http://www.compolitica.org/" target="_blank">pesquisas e discussões</a>. Se é verdade que, na democracia, uma imprensa é melhor que nenhuma imprensa, isso não significa que a relação entre jornalismo e democracia seja positiva em todos os seus aspectos, momentos e/ou configurações.<br />
<br />
Nesse sentido, se a morte de Santiago de Andrade despertou argumentos adormecidos sobre a importância da imprensa, o fato também parece estar servindo menos à reflexão e mais à reprodução de lógicas um tanto defasadas que tentam legitimar na marra a representatividade da grande imprensa no regime democrático brasileiro.<br />
<br />
Afinal, quando o <i>Jornal Nacional</i> afirma que é "essencial, numa democracia, um jornalismo profissional, que busque sempre a isenção e a correção para informar o cidadão do que está acontecendo. E o cidadão, informado de maneira ampla e plural, escolha o caminho que quer seguir", pode-se lembrar, por exemplo, que a relação entre jornalismo e democracia no Brasil sofre com uma configuração excessivamente concentrada, adquirida em tempos pré-democráticos e com base em um relacionamento histórico e duradouro da empresa beneficiada com um regime não-democrático. Além disso, que tal relação pena com o fato de que a mesma empresa se coloca, com legitimidade questionável, na função de representante público do cidadão brasileiro, tendo por base um discurso legitimador calcado em noções sobre isenção, neutralidade e profissionalismo jornalístico que não se sustentam, sejam atacadas pela história ou por simples questionamento epistemológico.<br />
<br />
Perguntas semelhantes podem ser feitas quando <i>O Globo </i>afirma que "mataram um repórter-manifestante no exercício de uma atividade essencial para a democracia, relatar os fatos para a sociedade". Ora, quando é mais que notório que nem <i>O Globo</i> nem qualquer outro órgão de imprensa apenas "relata" os fatos para a sociedade, onde estão as bases para a legitimidade da imprensa e seu papel representativo do cidadão no ambiente democrático?<br />
<br />
<div>
Dessa forma, se a morte de Santiago de Andrade tirou a poeira do debate sobre jornalismo e democracia no Brasil, homenagem maior o jornalismo brasileiro faria ao cinegrafista se aproveitasse a ocasião para refletir sobre os problemas fundamentais que envolvem a relação no país, como a concentração excessiva da estrutura midiática, a baixa remuneração dos profissionais nas redações, o uso intensivo de mão-de-obra ainda em formação e/ou de pouca experiência, a fraquíssima formação intelectual do jornalista em geral, o uso político das concessões de comunicação midiática, o preconceito do jornalismo com a universidade e o pensamento acadêmico, a espetacularização/novelização da notícia e da política, a baixa representatividade social nos debates midiatizados, a superficialidade excessiva da produção jornalística, a ênfase desmedida no entretenimento etc.<br />
<br />
Nesse contexto, a reprodução desenfreada de lógicas defasadas e discursos questionáveis de legitimidade podem apenas alimentar a tragédia. Como escreveu a <i>Folha</i>, com base em um relatório da <a href="http://www.abraji.org.br/" target="_blank">Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo</a> (Abraji): "A morte de Santiago Andrade é, por óbvio, o episódio mais lamentável, mas, considerando a ação policial e a de manifestantes, foram registrados, desde junho, inaceitáveis 117 casos de agressão, hostilidade ou detenção de jornalistas".</div>
Ituassuhttp://www.blogger.com/profile/07505417520133730616noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-347869772215220488.post-29655730025915506952014-02-08T05:31:00.003-08:002014-02-10T03:03:32.081-08:00O nome da alternância em 2014<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-pin59w8mfSU/UvYkrwOO7UI/AAAAAAAABco/N_hgSwJND3s/s1600/eduardo_campos.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-pin59w8mfSU/UvYkrwOO7UI/AAAAAAAABco/N_hgSwJND3s/s1600/eduardo_campos.jpg" /></a></div>
<b>Eduardo Campos é mais forte pelo simples fato de estar à esquerda de Aécio.</b><br />
<b><br /></b>
Em outubro de 2010, às vésperas do segundo turno das últimas eleições presidenciais, esta coluna deu seu <a href="http://arthur-ituassu.blogspot.com.br/2010/10/por-que-votar-em-serra-alternancia-e.html" target="_blank">apoio ao candidato José Serra</a>, em nome dos benefícios da alternância de poder para o país. Na época, escrevi que as vantagens produzidas pela alternância no Brasil recente eram claras.<br />
<br />
"Fernando Henrique
Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva fizeram ambos governos com altos e
baixos mas que em geral foram muito positivos para o país e se
complementaram. O primeiro teve um papel histórico na estabilidade
econômica e ainda conseguiu avanços significativos nos campos
importantíssimos da educação básica e da saúde pública. O segundo soube
manter os pontos positivos do programa econômico anterior e ainda
reforçou políticas públicas importantes de distribuição de renda e
geração formal de emprego. A alternância de poder traz mudanças nas
prioridades de governo que acabam gerando benefícios para a sociedade de
forma mais geral. Além disso, mantém fortes a oposição e o controle
sobre o poder e impede que qualquer partido ou governo se sinta na posse
do Estado".<br />
<br />
Pois, em 2014, tudo indica que o nome da alternância é o candidato do Partido Socialista Brasileiro (PSB) <a href="http://www.pe.gov.br/governo/governador/" target="_blank">Eduardo Campos</a>, pelo simples fato de que Campos está à esquerda de Aécio. Em uma repetição do segundo turno entre PT e PSDB, eleitores do PSB e da Rede, de Marina Silva, até agora engajada na campanha socialista, tendem a votar novamente no PT, diminuindo as chances dos tucanos.<br />
<br />
Na verdade, mesmo que um eventual apoio de Campos a Aécio no segundo turno possa reduzir o estrago, dificilmente fará os eleitores de Marina Silva votarem no PSDB. É difícil, inclusive, não acreditar que um dos motivos das derrotas seguidas dos tucanos no segundo turno é que eles foram jogados para a direita pelo PT e o discurso paulista conservador de José Serra e Geraldo Alckmin, em contraposição ao humanismo liberal de Fernando Henrique Cardoso e o progressivismo de Mario Covas e seu "choque de capitalismo", que o PSDB, <a href="http://tucano.org.br/historia/choque-do-capitalismo" target="_blank">em seu site</a>, transformou erroneamente em "choque <i>do</i> capitalismo".<br />
<br />
Nesse sentido, a posição de Campos à esquerda de Aécio o torna mais aglutinador, numa tortuosa aliança com Marina Silva. Se Marina tende novamente a não apoiar o PSDB no segundo turno – será o senador mineiro capaz de dobrar a militante ecológica evangélica do Norte? –, Campos pode aglutinar tucanos e marinistas no embate contra a presidente.<br />
<br />
Ao mesmo tempo, quase 12 anos como o maior partido da oposição parecem não ter sido suficientes para o PSDB consolidar um discurso e se apresentar como uma opção verdadeiramente diferenciada à sociedade brasileira. Em vez de defender seu progressivismo liberal e atacar as mazelas perenes da oferta de serviços públicos básicos à população – ao fim, foram precisos centenas de milhares de brasileiros nas ruas para que esses temas realmente viessem à tona –, o partido manteve-se em geral preso, às vezes sem muita legitimidade, às agendas econômicas e morais da política nacional.Ituassuhttp://www.blogger.com/profile/07505417520133730616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-347869772215220488.post-18256856490993812902014-01-31T10:34:00.001-08:002014-01-31T12:23:14.959-08:001st Joint Seminar PUC-Rio/Queen's University Belfast on Media and Representation<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-51Wu93Cxqns/UuvnxBkbAuI/AAAAAAAABbM/hMF8Fk6FXP8/s1600/representation.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-51Wu93Cxqns/UuvnxBkbAuI/AAAAAAAABbM/hMF8Fk6FXP8/s1600/representation.jpg" /></a></div>
<span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;">Será realizado de 5 a 8 de maio no Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio o <b>1st Joint Seminar PUC-Rio/Queen's University Belfast on Media and Representation</b>, com a participação dos professores <a href="http://www.qub.ac.uk/schools/SchoolofEnglish/Staff/StaffProfile/?school=English&ns=00970e0fb3754caedd67ed7952c4f3d190e39ffb4cd3ca05d29cf8b6c61230c8&tab=publications" target="_blank">Andrea Mayr</a>, Lecturer in Modern English Language and Linguistics, Erasmus Programme Director, School of English, Queen's University-Belfast, e <a href="http://www.ituassu.com.br/" target="_blank">Arthur Ituassu</a>, professor-pesquisador em Comunicação e Política do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, pós-doutorando no Centro de Estudos Avançados em Democracia Digital, em Salvador (FACOM/UFBA). O Seminário ocorrerá em quatro sessões, todas em inglês, e serão concedidos certificados aos participantes. As inscrições estarão abertas a partir do início de abril para estudantes de pós-graduação, professores e pesquisadores de Comunicação Social e áreas afins.</span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><br /></span></span></span></span></span></span></span></span></span>
<span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;">Sessão 1. 05/05 9h</span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;">Media and Representation: Communication, Ethics and the Social World</span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;">Prof. Andrea Mayr and Prof. Arthur Ituassu</span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><br /></span></span></span></span></span></span></span></span></span>
<span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;">Sessão 2 06/05 9h</span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;">Media and the Representation of Violence in Brazil and the UK</span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;">Prof. Andrea Mayr</span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><br /></span></span></span></span></span></span></span></span></span>
<span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;">Sessão 3 07/05 9h</span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;">Methodologies for the Analysis of Media and Representation</span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;">Prof. Andrea Mayr and Prof. Arthur Ituassu</span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><br /></span></span></span></span></span></span></span></span></span>
<span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;">Sessão 4 08/05 9h</span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;">Media, Representation and Politics</span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;"><span style="color: black;">Prof. Arthur Ituassu</span></span></span></span></span></span></span></span></span>Ituassuhttp://www.blogger.com/profile/07505417520133730616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-347869772215220488.post-84151043775419370982014-01-04T05:35:00.001-08:002014-01-13T06:40:02.117-08:00O jornalismo na era das subjetividades (Dossiê)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-sUm6mmSCEZI/UsgIrJx1IsI/AAAAAAAABZ8/yohX6Kx0YXE/s1600/alceu_logo.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="111" src="http://1.bp.blogspot.com/-sUm6mmSCEZI/UsgIrJx1IsI/AAAAAAAABZ8/yohX6Kx0YXE/s200/alceu_logo.gif" width="200" /></a></div>
O Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, por intermédio da Coordenação do Curso de Jornalismo, realizou nos dias 19, 20 e 21 de março de 2013 o seminário: “O jornalismo na era das subjetividades: reflexões sobre a prática na sociedade da informação”. A intenção dos três dias de encontro foi refletir sobre a dinâmica jornalística em dois contextos específicos, de crise da objetividade e de avanço das novas tecnologias de comunicação e informação. Ao todo, foram realizadas seis sessões de debates que se encontram aqui resumidas neste dossiê, publicado pela Revista Alceu, do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, no fim do ano passado.<br />
<br />
Seis trabalhos compõem o dossiê. O primeiro deles, da professora <a href="http://revistaalceu.com.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?from_info_index=9&infoid=484&sid=39" target="_blank">Carla Rodrigues</a> (COM/PUC-Rio), analisa os efeitos do modo de produção pós-industrial na prática jornalística. O professor <a href="http://revistaalceu.com.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?from_info_index=9&infoid=485&sid=39" target="_blank">Edgar Lyra</a> (FIL/PUC-Rio), por outro viés, ataca o problema da objetividade e sugere um retorno a uma certa retórica aristotélica, como uma possível saída para o contexto de crise narrativa. O professor <a href="http://revistaalceu.com.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?from_info_index=9&infoid=486&sid=39" target="_blank">Leonel Aguiar</a> (COM/PUC-Rio) trata da formação do jornalista nos contextos explicitados, enquanto este organizador, <a href="http://revistaalceu.com.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?from_info_index=9&infoid=487&sid=39" target="_blank">Arthur Ituassu</a>, procura fazer uma reflexão sobre a importância ética do jornalismo na construção social da realidade. Por fim, <a href="http://revistaalceu.com.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?from_info_index=17&infoid=488&sid=39" target="_blank">Paulo Roberto Pires</a> (COM/UFRJ) e <a href="http://revistaalceu.com.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?from_info_index=17&infoid=489&sid=39" target="_blank">Arthur Dapieve</a> (COM/PUC-Rio) discutem as relações entre o jornalismo e a cultura em tempos de internet e subjetividades. O primeiro discute a "desintelectualização" das redações, enquanto o segundo chama a atenção para os problemas relativos à "desprofissionalização" da crítica cultural.<br />
<br />
Ao fim, a esperança é uma apenas, a de que este dossiê consiga dar seguimento aos ricos e intensos debates desenvolvidos naqueles três dias de março de 2013.Ituassuhttp://www.blogger.com/profile/07505417520133730616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-347869772215220488.post-50868729639463967722013-12-02T03:12:00.003-08:002013-12-02T03:13:34.301-08:00Férias<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-ozXq9JdOYgA/UpxpGtBTtZI/AAAAAAAABXY/lNVEiZmsEYI/s1600/ferias.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-ozXq9JdOYgA/UpxpGtBTtZI/AAAAAAAABXY/lNVEiZmsEYI/s1600/ferias.jpeg" /></a></div>
<b>O Blog entrou em recesso. Volta em 2014. </b><b>Veja os posts mais lidos do ano:</b><br />
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- <a href="http://arthur-ituassu.blogspot.com.br/2013/10/vida-desperdicada.html" target="_blank">Vida desperdiçada</a>: Em meio ao contexto das manifestações, morte de adolescente por policial em São Paulo fica em segundo plano em relação à violência dos protestos.<br />
- <a href="http://arthur-ituassu.blogspot.com.br/2013/06/classico-de-rob-walker-e-publicado-no.html" target="_blank">Clássico de Rob Walker é publicado no Brasil</a>: Segundo o autor, a disciplina de Relações Internacionais não descreve a prática das relações internacionais, mas a constitui.<br />
- <a href="http://arthur-ituassu.blogspot.com.br/2013/03/o-magico-de-oz-e-historia-politica.html" target="_blank">O mágico de Oz e a história política americana</a>: Clássico de Frank Baum está de volta em filme da Disney e novas traduções para o português.<br />
- <a href="http://arthur-ituassu.blogspot.com.br/2013/09/editora-lanca-o-brasil-depois-da-guerra.html" target="_blank">Editora lança "O Brasil depois da Guerra Fria" na versão eBook</a>: Obra está disponível para download no <a href="http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=61744725" target="_blank">site</a> da Livraria Cultura.<br />
- <a href="http://arthur-ituassu.blogspot.com.br/2013/05/cidadania-na-era-digital.html" target="_blank">Cidadania na era digital</a>: Relatório divulgado pelo Pew Research Center mostra forte crescimento no uso das redes sociais para a atuação política nos Estados Unidos. Além disso, que a disparidade entre mais e menos educados na participação se eleva no ambiente online.<br />
Ituassuhttp://www.blogger.com/profile/07505417520133730616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-347869772215220488.post-352655569248338982013-11-21T05:35:00.000-08:002013-11-23T12:58:19.884-08:00A experiência do fim<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-JbGIGC0LNBo/Uo3ynN38T_I/AAAAAAAABWc/D3AqWIn36gY/s1600/kennedy.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="175" src="http://4.bp.blogspot.com/-JbGIGC0LNBo/Uo3ynN38T_I/AAAAAAAABWc/D3AqWIn36gY/s200/kennedy.jpg" width="200" /></a></div>
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<b>Os 50 anos do assassinato de JFK e sua relação com a história.</b></div>
<br />
<a href="http://www.ituassu.com.br/umavisaodepaz.pdf#page=1"></a>
Se há um <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Winston_churchill" target="_blank">Winston Churchill</a> na história política norte-americana, este é <a href="http://www.jfklibrary.org/" target="_blank">John F. Kennedy</a>. Não que ele tenha sido o melhor orador entre os presidentes dos Estados Unidos. Um embate com <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Abraham_Lincoln" target="_blank">Abraham Lincoln</a> seria, muito provavelmente, desvantajoso a JFK. De qualquer forma, algumas semelhanças aproximam Kennedy de Churchill, certamente dois dos políticos mais importantes do século XX.<br />
<br />
<div>
Como Churchill, Kennedy quebrou tradições. Se o ex-primeiro-ministro atacou as regalias da aristocracia britânica, JFK foi, na história, o segundo candidato católico a presidente dos Estados Unidos e o primeiro a ser eleito, numa nação de ampla maioria protestante. Kennedy também enfrentou o velho racismo do Sul – depois de muita pressão, é verdade – e foi o presidente eleito mais jovem da história norte-americana, aos 43 anos, quase 27 anos mais moço que o seu antecessor, <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Dwight_Eisenhower" target="_blank">Dwight Eisenhower</a>, quando este deixou o cargo. É verdade que <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Theodore_Roosevelt" target="_blank">Theodore Roosevelt</a> chegou à Casa Branca mais novo que Kennedy, aos 42 anos, mas Ted, como era conhecido, não foi eleito presidente, mas vice-presidente e tomou posse depois do assassinato de <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/William_McKinley" target="_blank">William McKinley</a>, em 14 de setembro de 1901.<br />
<br /></div>
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Como Churchill, Kennedy tinha pretensões literárias e era adepto da historiografia amadora. O norte-americano não alçou vôos tão altos quanto o britânico, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, em 1953, mas JFK foi agraciado com a principal comenda literária dos Estados Unidos, o prêmio Pulitzer, em 1957, com o livro <i><a href="http://www.jfklibrary.org/Events-and-Awards/Profile-in-Courage-Award/About-the-Book.aspx" target="_blank">Profiles in Courage</a></i>. Não à toa, ele escreveu um compêndio sobre a coragem de certos políticos norte-americanos do passado, que enfrentaram o senso comum e mudaram seu tempo com propostas inovadoras. </div>
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Como Churchill, Kennedy foi a encarnação política do espírito de liderança. Os discursos de JFK, por exemplo, <a href="http://www.zahar.com.br/livro/uma-vis%C3%A3o-de-paz" target="_blank">publicados pela Zahar</a>, com contextualização histórica do professor <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Dallek" target="_blank">Robert Dallek</a> e de <a href="http://chpp.kean.edu/users/terry-golway" target="_blank">Terry Golway</a>, são fonte preciosa de uma época em que o mundo esteve à beira do precipício. (Dallek talvez seja o principal historiador vivo da Presidência americana, autor também do sensacional <a href="http://www.zahar.com.br/livro/nixon-e-kissinger" style="font-style: italic;" target="_blank">Nixon e Kissinger: Parceiros no poder</a>, que conta a novela da relação desses dois personagens, brincando de deuses na Terra durante a Guerra Fria.)</div>
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Afinal, durante o curto mandato de Kennedy, Estados Unidos e União Soviética estiveram envolvidos direta ou indiretamente na <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Bay_of_Pigs_Invasion" target="_blank">invasão frustrada de exilados cubanos treinados pela CIA à Baía dos Porcos</a>, na <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Berlin_Crisis_of_1961" target="_blank">Crise de Berlim</a> e na perigosíssima <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Missile_Crisis" target="_blank">Crise dos Mísseis</a>. Nesse conturbado contexto, é difícil saber quem veio primeiro: se os fatos ou o presidente. Foi a postura agressiva de Kennedy na campanha à Presidência e nos primeiros anos de governo que gerou respostas soviéticas à altura? Ou JFK foi pego pelo destino, tendo que carregar o fardo de uma contenda atrás da outra durante os poucos anos em que esteve na Casa Branca?</div>
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<br />
Na verdade, Kennedy acendeu o pavio da Guerra Fria. Desde os primeiros momentos de sua campanha, atacou o então presidente Eisenhower supostamente por permitir que os soviéticos <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Missile_gap" target="_blank">tivessem passado à frente</a> dos Estados Unidos tanto na corrida armamentista quanto na espacial, sendo que apenas na segunda isso era verdade.<br />
<br />
Apesar de não ter sido o mentor do plano de retirada de Fidel Castro do poder e de não ter envolvido as Forças Armadas norte-americanas na invasão da Baía dos Porcos, JFK estava ciente do fato e deu luz verde à operação comandada pela CIA. Para muitos historiadores, a Crise dos Mísseis e o quase desastre ocorrido na viagem-teste apressada do primeiro submarino nuclear soviético, o <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Soviet_submarine_K-19" target="_blank">K-19</a> (conhecido como o “fazedor de viúvas”, ou “Hiroshima”, pela Marinha russa, e cuja história foi transformada em <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/K-19:_The_Widowmaker" target="_blank">filme</a> com Harrison Ford), foram respostas da linha-dura no Kremlin à agressividade de Kennedy, talvez necessária a JFK internamente, para contrapor as questões levantadas por seu catolicismo e sua juventude.</div>
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Na verdade, Eisenhower, ou Ike, como era conhecido, deixou a Kennedy uma vantagem significativa na corrida armamentista da Guerra Fria. Mesmo assim, JFK, ao tomar posse, iniciou a produção de 1000 mísseis balísticos intercontinentais, além de 32 <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/UGM-27_Polaris" target="_blank">submarinos Polaris</a>, com mais 656 mísseis. Moscou, no mesmo momento, não tinha um submarino capaz de lançar mísseis balísticos até o K-19, que podia carregar apenas três. Na mesma época, enquanto os soviéticos tinham 50 bombardeiros que poderiam atacar os Estados Unidos lançando ogivas nucleares sobre o país, os norte-americanos tinham mais de 500, prontos para serem utilizados.</div>
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O modelo da Guerra Fria, como se sabe, não comportava tamanho desequilíbrio estratégico. Uma tentativa dos soviéticos de demonstrar poder foi tornar o K-19 operacional rapidamente, o que quase causou um acidente nuclear de proporções catastróficas. Outra foi o envio de mísseis a Cuba, no episódio que acabou conhecido nos EUA como a Crise dos Mísseis (na União Soviética como a Crise do Caribe e, em Cuba, como a Crise de Outubro).</div>
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Além disso, a política agressiva de Kennedy diminuiu a margem de negociação de Krushchev a respeito de Berlim, um impasse que vinha sem solução desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Pressionado internamente, Krushchev endureceu a posição no encontro de cúpula com Kennedy em Viena, em junho de 1961, quando o K-19 saía para a sua primeira viagem-teste. Sem acordo, a capital alemã foi dividida por um muro.</div>
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No entanto, como um personagem shakespeariano capaz de pensar sobre si mesmo e mudar seu comportamento, o Kennedy que atravessou uma sucessão de crises que poderiam ter levado a humanidade ao fim é bastante diferente daquele jovem político que buscava se impor na campanha presidencial e no início do mandato. Em 1963, quando foi assassinado em 22 de novembro, Kennedy buscava ser o porta-voz da esperança e da paz, do entendimento e da compreensão, da auto-reflexão e da justiça. </div>
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Seus dois principais discursos desse momento – “Uma visão de paz” e “A crise moral da nação” – apresentam argumentos concretos para uma vida mais justa dentro e fora dos Estados Unidos, sem que isso significasse uma deferência ao sistema comunista. No primeiro pronunciamento, por exemplo, feito em Washington em 10 de junho de 1963, JFK afirmou:</div>
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"Alguns dizem que é inútil falar sobre a paz mundial, ou sobre a lei mundial, ou sobre o desarmamento mundial, e será inútil até que os líderes da União Soviética adotem uma atitude mais esclarecida. Eu espero que um dia isso aconteça e acredito que possamos ajudá-los. Mas também acredito que devemos reexaminar nossa própria atitude - como indivíduos e como nação -, pois ela é tão essencial quanto a deles. Todo cidadão que reflita sobre os desesperos da guerra e queira a paz deve começar a olhar para dentro - examinar sua própria atitude em relação às possibilidades da paz, em relação à União Soviética, ao curso da Guerra Fria, à liberdade e à paz aqui neste país".</div>
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<span style="font-size: x-small;">P.S.: Este texto é uma versão da apresentação que fiz à edição brasileira de "Uma visão de paz: Os melhores discursos de John F. Kennedy", organizado por Robert Dallek e Terry Golway e publicado pela editora Zahar.</span></div>
Ituassuhttp://www.blogger.com/profile/07505417520133730616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-347869772215220488.post-68797419309665721412013-11-14T08:26:00.003-08:002014-03-26T17:00:23.150-07:00Diplomacia presidencial<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-J8C6W70Z4lg/UoS-8aJ_GaI/AAAAAAAABVs/GReLWddAXTs/s1600/worldmap.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-J8C6W70Z4lg/UoS-8aJ_GaI/AAAAAAAABVs/GReLWddAXTs/s1600/worldmap.jpg" /></a></div>
<b>Observatório Político Sul-Americano analisa a politização da política externa brasileira nos governos FHC, Lula e Dilma.</b><br />
<b><br /></b>
De autoria da professora Maria Regina Soares de Lima (UERJ), um dos principais nomes do país no campo da política externa brasileira e das relações internacionais, e de Rubens Duarte, que cursa atualmente seu doutorado na Universidade de Birmingham, o <a href="http://observatorio.iesp.uerj.br/index.php?option=com_content&view=frontpage&Itemid=1" target="_blank">Observatório Político Sul-Americano (OPSA)</a> publicou agora em novembro uma interessante <a href="http://observatorio.iesp.uerj.br/images/pdf/observador/observador_v_8_n_09_2013_1.pdf" target="_blank">análise</a> comparativa da diplomacia dos governos FHC e Lula/Dilma. Mais que apontar diferenças, o texto reforça a ideia de que em regimes democráticos, para o bem ou para o mal, a política externa é sempre politizada, "refletindo as orientações político-ideológicas do governo de turno".<br />
<br />
Os autores partem da crítica que é feita à diplomacia dos governos Lula e Dilma, que estaria marcada, segundo a oposição e a "mídia conservadora", por um "viés ideológico". Tal característica, ainda segundo os críticos, se mostraria claramente na "branda reação" à nacionalização da refinaria da Petrobrás na Bolívia por Evo Morales; na entrada da Venezuela no Mercosul; no afastamento do Paraguai; na contratação de médicos cubanos; e no episódio de "'fuga' cinematográfica do senador Roger Molina, asilado na embaixada brasileira".<br />
<br />
Além disso, Lima e Duarte ressaltam que muitas vezes um "argumento binário" pauta a crítica à aproximação que a diplomacia Lula, em especial, desenvolveu em relação aos países da América do Sul, África e Ásia. Para os autores, a crítica tem por base a falácia de que, ao enfatizar as relações com o Sul ou com países progressistas na América do Sul, "a política externa petista estaria se afastando dos países do Norte, de tradição democrático-liberal".<br />
<br />
Como afirma o texto, esta interpretação da partidarização da política externa revela "um sentimento tecnocrático", calcado na ideia de que haveria um "interesse nacional" objetivo que pudesse ser perseguido sem a influência das orientações político-ideológicas do governo em posse do Executivo, algo sem sentido do ponto de vista <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Epistemologia" target="_blank">epistemológico</a>. Na democracia, escrevem os autores com precisão, "mesmo que os compromissos internacionais assumidos por qualquer governo democrático não devam ser revertidos a cada mudança de governo, sob pena do país perder sua credibilidade face aos parceiros externos, existe sempre alguma latitude para que governos eleitos possam incluir temas de política externa em suas plataformas eleitorais".<br />
<br />
Da mesma forma que as orientações estratégicas do governo Lula - que eleva a participação do país nas relações econômicas internacionais e na discussão dos grandes problemas mundiais, "ressaltando os efeitos da 'globalização assimétrica' e a desigualdade entre as nações" -, a política externa do governo FHC também esteve alinhada aos objetivos políticos do partido deste presidente ao priorizar os processos de estabilização econômica e reforma do Estado, a inserção competitiva e a modernização produtiva. Nesse contexto, a diplomacia, como lembram os autores, teve o papel de restaurar a credibilidade econômica e política do país, uma <a href="http://www.ituassu.com.br/obrasildepoisdaguerrafria.html" target="_blank">agenda presente no debate político brasileiro pelo menos desde as eleições de 1989</a> e que se traduziu na adesão do Brasil aos regimes internacionais vigentes de comércio, direitos humanos, meio ambiente, controle nuclear e de tecnologia de mísseis.<br />
<br />
Além da democracia, os autores ainda ressaltam a importância da presidencialização da política externa brasileira, que também acaba favorecendo a politização da diplomacia em detrimento da autonomia do Itamaraty. É o que Jeffrey Cason e Timothy Power caracterizam, segundo Lima e Duarte, como o "papel direto e crescente do presidente na política externa". Para os pesquisadores do OPSA, a presidencialização da política externa é resultado não apenas da "centralidade do presidente da República no estabelecimento da agenda política da nação", como do fato de que, em última instância, "os atos de escolha e demissão de seus ministros são de sua estrita competência".<br />
<br />
No que diz respeito à polítização da política externo no regime democrático brasileiro e à inadequação da crítica que ressalta o "viés ideológico" da diplomacia Lula e Dilma, o artigo de Maria Regina Soares de Lima e Rubens Duarte soa perfeito. No entanto, o texto parece, de alguma forma, celebrar a estratégia petista em detrimento da atuação tucana no campo, uma interpretação que, ao meu ver, deve vir acompanhada de uma análise histórica contextual. Nesse caso, a pergunta que fica é: sem as ações de estabilização e atualização da agenda implementadas anteriormente teria sido possível o desenvolvimento de uma estratégia mais assertiva de política externa no governo Lula? Dificilmente.<br />
<br />
Além disso, a ação estratégica internacional do Brasil durante a Presidência Lula, em especial, pode ser criticada de outras maneiras que não aquela calcada no argumento do "viés ideológico". Ou seja, novamente pergunta-se: talvez não tenham dado os autores importância demais a uma crítica desprovida de qualquer fundamento mínimo de sustentação?<br />
<br />
O professor Rob Walker, por exemplo, faz críticas bastante contundentes à política externa de Lula por outros parâmetros, bem mais sofisticados. Segundo ele, <a href="http://arthur-ituassu.blogspot.com.br/2013/06/classico-de-rob-walker-e-publicado-no.html" target="_blank">como já reproduzido anteriormente neste blog</a>, o conceito de multipolaridade pode ser muito útil, mas não se
pensado como no século XIX: "É nesse sentido que
deveríamos prestar atenção ao pluralismo. O plural, por si só, não é
algo necessariamente positivo. É preciso ter muita atenção
sobre como o plural está sendo pensado. Por um lado, pode-se fazer
muita coisa interessante com o termo, em prol do entendimento de novas
formas de distribuição de poder e da autoridade. Por outro, o discurso
predominante sobre o tema reproduz formas muito antigas e perigosas da
velha política de poder bismarkiana. Nesse ponto em particular, a
contribuição da política externa brasileira para o sistema internacional
é, no mínimo, discutível, não parecendo mais que uma imitação
da Alemanha de <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Otto_von_Bismarck" target="_blank">Bismarck</a>".Ituassuhttp://www.blogger.com/profile/07505417520133730616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-347869772215220488.post-75048999265218776082013-11-11T04:12:00.000-08:002013-11-13T03:29:11.108-08:00A vida nos "aglomerados subnormais"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-GZKFp4mNQag/UoDIUnWBdFI/AAAAAAAABVI/N4eTdu9u-ic/s1600/geladeira.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-GZKFp4mNQag/UoDIUnWBdFI/AAAAAAAABVI/N4eTdu9u-ic/s200/geladeira.jpg" width="200" /></a></div>
<b>Onde TV, geladeira e celular chegam primeiro.</b><br />
<br />
Divulgado no último dia 6, <a href="http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&busca=1&idnoticia=2508" target="_blank">relatório do IBGE</a> sobre as favelas traz à tona um tema político tão <a href="http://books.google.com.br/books?id=JIFmDjzjXmUC&pg=PA4&dq=o+brasil+tem+jeito?+ituassu&hl=en&sa=X&ei=MukdUq--FMm9sASMlIDICA&ved=0CCsQ6AEwAA#v=onepage&q=o%20brasil%20tem%20jeito%3F%20ituassu&f=false" target="_blank">antigo</a> quanto importante, a deficiência na provisão de bens públicos em contraposição aos acessos de consumo na sociedade brasileira. Mesmo que as informações sejam específicas desse tipo de comunidade que, por viver na maior parte das vezes ao redor das grandes cidades, ganha características específicas desse entorno, a conclusão dos <a href="http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/11/1367520-avanco-da-classe-c-nao-melhora-vida-nas-favelas-aponta-ibge.shtml" target="_blank">resultados</a> é a de que, ao menos nas favelas brasileiras, TV e geladeira chegam primeiro que saneamento, hospital, escolas e, muitas vezes, segurança.<br />
<br />
Segundo a <a href="http://www1.folha.uol.com.br/infograficos/2013/11/78700-censo-das-favelas-ibge.shtml" target="_blank">pesquisa</a>, realizada sobre o ano de 2010, 6 mil favelas abrigavam no Brasil, na época, mais de 3 milhões de residências e mais de 11 milhões de pessoas, a maior parte no Sudeste. Além disso, as cinco maiores regiões metropolitanas brasileiras concentravam quase 60% dos moradores de favelas. Desse total, 18,9% na Grande São Paulo e 14,9% no Rio de Janeiro e entornos, além de Belém, Salvador e Recife.<br />
<br />
A pior disparidade apresentada está, por exemplo, na educação. Nas comunidades analisadas, o índice de uso de creche e escola pública é de 90%, mas apenas 1,6% tem ensino superior. Fora das escolas boas, poucos chegam à universidade. Por ironia, às públicas muito menos.<br />
<br />
Como no "asfalto", no entanto, mais de 90% dos moradores de favela têm geladeira e televisão. O uso do celular é intenso. Mais de 50% das residências nessas comunidades têm somente o telefone celular, o índice do lado de fora é de 32,8%. Apesar disso, os números sobre "computador" e "computador com acesso a internet" são quase três vezes menores dentro que fora das favelas.<br />
<br />
Essas pessoas, com geladeira, televisão e celular, moram no que o <a href="http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&busca=1&idnoticia=2508" target="_blank">IBGE chama</a> de "aglomerados subnormais", ou seja, "assentamentos irregulares conhecidos como favelas, invasões, grotas, baixadas, comunidades, vilas, ressacas, mocambos e palafitas". Seja onde estiverem, e poderiam ter arrumado um nome melhor, os moradores de tais comunidades teriam por teoria direito a escola, oportunidades iguais, hospital, acesso à justiça, saneamento e segurança, como é devido a todo e qualquer cidadão. Afinal, essas são funções básicas da autoridade política, das quais dependeria sua própria origem e existência. Ou não?Ituassuhttp://www.blogger.com/profile/07505417520133730616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-347869772215220488.post-88625129274394083042013-10-31T15:22:00.001-07:002013-12-03T02:50:35.231-08:00Vida desperdiçada<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-i3XnDIFtO0s/UnLYAgQp0FI/AAAAAAAABUQ/edJkj3GnR10/s1600/hobbes.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-i3XnDIFtO0s/UnLYAgQp0FI/AAAAAAAABUQ/edJkj3GnR10/s1600/hobbes.jpeg" /></a></div>
<b>Em meio ao contexto das manifestações, morte de adolescente por policial em São Paulo fica em segundo plano em relação à violência dos protestos.</b><br />
<span style="background-color: white;"></span><br />
Dois eventos violentos interligados ocorridos em São Paulo, o primeiro no domingo (27/10) à noite e o segundo no dia seguinte, praticamente dominaram a cobertura da grande imprensa brasileira na última semana de outubro. O primeiro deles foi a morte do<span style="background-color: white;"> adolescente <a href="https://www.google.com.br/search?q=Douglas+Martins+Rodrigues&oq=Douglas+Martins+Rodrigues&aqs=chrome..69i57j0.303j0j7&sourceid=chrome&espv=210&es_sm=122&ie=UTF-8" target="_blank">Douglas Martins Rodrigues</a>, de 17 anos, vítima de um disparo no tórax após uma abordagem da Polícia Militar de São Paulo, na região de Vila Medeiros, Zona Norte da capital</span><span style="background-color: white;">. </span>O segundo foi o violento protesto, decorrente do fato, no qual manifestantes fecharam as pistas da <a href="https://www.google.com.br/search?q=Rodovia+Fern%C3%A3o+Dias&oq=Rodovia+Fern%C3%A3o+Dias&aqs=chrome..69i57j0l5.407j0j7&sourceid=chrome&espv=210&es_sm=119&ie=UTF-8" target="_blank">Rodovia Fernão Dias</a>, atearam fogo em duas
carretas, cinco ônibus e um carro, pelo menos um deles chegou a dirigir um
caminhão-tanque na contramão. Em meio ao contexto das seguidas manifestações no país, infelizmente o primeiro ganhou menor atenção que o segundo, pelo menos no discurso midiático.<br />
<br />
O <i>Jornal Nacional</i>, por exemplo, abriu sua <a href="http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2013/10/foi-um-assassinato-diz-mae-de-jovem-morto-por-pm-com-tiro-no-peito.html" target="_blank">reportagem</a> sobre o caso na segunda-feira à noite com o texto: "São Paulo voltou a sofrer ataques violentos de vândalos - que
incendiaram caminhões e ônibus e bloquearam a rodovia federal que liga a
capital paulista a Belo Horizonte". A matéria de 5m23 tratou da morte de Douglas por apenas 1m45, sendo o restante tomado pela violência dos protestos. Na reportagem, apenas o porta voz da PM de São Paulo foi ouvido como representante do estado sobre o caso. Durante a edição do dia, foram feitas várias aparições ao vivo da região em São Paulo, produzidas de um helicóptero, nas quais o termo "vândalos" foi repetido com exaustão.<br />
<br />
A <i>Folha</i>, na terça-feira, seguiu mais ou menos o mesmo caminho. Colocou na capa uma foto de um ônibus incendiado e o título: "Protesto contra morte de jovem tem incêndios e saques em SP". Logo em seguida, vinha uma chamada para um artigo publicado pelo jornal: "Ataque a policial deve ser
considerado agressão ao Estado", referindo-se ao bárbaro <a href="http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/10/1362725-video-flagra-agressao-a-coronel-da-pm-em-protesto-em-sao-paulo.shtml" target="_blank">espancamento</a> sofrido pelo coronel Reynaldo
Rossi na noite de sexta-feira, 25/10. Abaixo do título do artigo, ainda na capa, a <i>Folha </i>colocou mais uma chamada, sobre Black Blocs presos pela polícia paulista.<br />
<br />
No mesmo contexto, a manchete do <i>Globo</i> no dia seguinte à morte de Douglas foi: "Vândalos interditam rodovia e queimam veículos em SP; cerca de 90 pessoas são detidas". <br />
<br />
É claro que a violência da manifestação, que pode ter tido participação, segundo se apura, <a href="http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/10/1364179-policia-investiga-se-faccao-criminosa-agiu-em-protestos.shtml" target="_blank">do crime organizado</a>, merece toda a atenção da mídia e da sociedade. No entanto, também parece notório que, em meio à tensão e ao acirramento em torno das seguidas manifestações no país, a gravidade da morte de Douglas ficou, infelizmente, em segundo plano.<br />
<br />
Afinal, trata-se da morte de um jovem cidadão por um policial pago pela sociedade para servi-la e protegê-la, fato que se configura como uma total inversão do sentido original-existencial do Estado, calcado na teoria <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Leviathan_%28book%29" target="_blank">hobbesiana</a> canônica de que abrimos mão da nossa liberdade radical em nome de uma proteção garantida pela autoridade legal. Quando o próprio Estado não somente não garante a segurança mas passa a ser, ele mesmo, fonte de insegurança, os princípios legitimadores da autoridade e do ordenamento social se esfacelam.<br />
<br />
Além disso, a morte de Douglas Martins Rodrigues está longe de ser um caso isolado, dado que a polícia brasileira está entre as que mais mata no mundo. Como <a href="http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/06/120601_direitos_humanos_policias_onu_lk.shtml" target="_blank">informa a BBC</a>, os homicídios cometidos por policiais no Brasil, em geral classificados como "resistência seguida de morte" ou "autos de resistência", já foram tema de estudo da ONU, que analisou 11 mil casos entre 2003 e 2009 sob tais rubricas somente no Rio e em São Paulo. Sobre o estudo, o enviado da ONU Philip Alston afirmou, em 2010, ter provas de que boa parte dessas mortes foram na realidade execuções ilegais.<br />
<br />
Ainda sobre o mesmo assunto, infelizmente, pouco se comentou que está para ser votado na Câmara dos Deputados o<a href="http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=556267" target="_blank"> Projeto de Lei 4471/2012,</a> que estabelece procedimentos para a investigação das mortes e lesões cometidas por agentes do Estado, como policiais, durante o serviço. Hoje, as mortes registradas como “autos de resistência'' ou “resistência seguida de morte'' são raramente investigadas.<br />
<br />
A gravidade da morte de Douglas Martins Rodrigues, de apenas 17 anos, por um agente do Estado, poderia ter servido para que a sociedade brasileira pudesse refletir com mais cuidado sobre suas prioridades e o comportamento, a remuneração, a cultura e o treinamento do aparato policial brasileiro. Infelizmente, este não parece ter sido o caso. <br />
<br />
Em tempo: O Globo iniciou no domingo 3/11, uma semana após a morte de Douglas, uma série de reportagens sobre a violência policial no país.</div>
Ituassuhttp://www.blogger.com/profile/07505417520133730616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-347869772215220488.post-7775203487187807112013-10-24T17:02:00.000-07:002013-10-25T03:39:45.780-07:00Tragédia via controle remoto<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-2GAvUk6LlHM/UmlnMv5sffI/AAAAAAAABTU/B-5zLaj_d9M/s1600/terror.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-2GAvUk6LlHM/UmlnMv5sffI/AAAAAAAABTU/B-5zLaj_d9M/s200/terror.jpeg" width="200" /></a></div>
<b>Documentos divulgados pelo Washington Post mostram que governo paquistanês apóia ataques de aviões não-tripulados americanos em seu território.</b><br />
<br />
O <a href="http://www.washingtonpost.com/world/national-security/top-pakistani-leaders-secretly-backed-cia-drone-campaign-secret-documents-show/2013/10/23/15e6b0d8-3beb-11e3-b6a9-da62c264f40e_story.html" target="_blank">Washington Post divulgou</a>, no último dia 23 de outubro, documentos que comprovam a ciência e a aprovação do governo do Paquistão aos ataques de aviões não-tripulados americanos (<i>drones</i>) em seu território. A notícia vai de encontro às inúmeras <a href="http://www.reuters.com/article/2013/10/23/us-usa-pakistan-drones-idUSBRE99M19D20131023" target="_blank">declarações oficiais</a> de Islamabad pedindo o fim das ofensivas, que se tornaram uma ação-chave do governo Obama em sua estratégia contra o terrorismo. Junto ao encontro do presidente americano com o primeiro-ministro paquistanês, <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Nawaz_Sharif" target="_blank">Nawaz Sharif</a>, ocorrido também no último dia 23, em Washington, a divulgação dos documentos chama a atenção para o trágico e polêmico uso de <a href="http://www.bbc.co.uk/news/world-south-asia-10713898" target="_blank"><i>drones</i></a> como forma de combate a organizações terroristas na regiâo.<br />
<br />
Um <a href="http://www.amnestyusa.org/research/reports/will-i-be-next-us-drone-strikes-in-pakistan" target="_blank">relatório da Anistia Internacional</a>, por exemplo, divulgado na véspera do encontro entre Obama e Sharif, condena veementemente o uso de aviões não-tripulados contra possíveis terroristas no <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/North_Waziristan" target="_blank">Waziristão do Norte</a>, região tribal do noroeste paqustanês que faz fronteira com o Afeganistão. A Anistia conta, por exemplo, a história de Mamana Bibi, de 68 anos, morta em um bombardeio quando colhia vegetais no jardim da sua casa, em outubro de 2012.<br />
<br />
Um <a href="https://docs.google.com/file/d/1KoE0O98hJuAhkWDE_2ve_zYuRv6RI5f7h1wvmG52KvNWJuAoGry627UJWURo/edit?usp=sharing&pli=1" target="_blank">estudo da ONU</a> vai no mesmo caminho e afirma que os <i>drones</i> americanos já mataram pelo menos 400 civis no local. Outro do <a href="http://www.thebureauinvestigates.com/category/projects/drones/drones-pakistan/" target="_blank">Bureau of Investigative Journalism</a>, organização não-governamental britânica, calcula que entre 407 e 926 civis morreram em ataques desse tipo.<br />
<br />
Com base nesses e outros números, o estúdio californiano <a href="http://www.pitchinteractive.com/beta/index.php" target="_blank">Pitch Interactive</a> produziu <a href="http://drones.pitchinteractive.com/" target="_blank">um website,</a> ilustrativo da tragédia. Segundo as informações no site, mais de 3 mil pessoas, incluindo 175 crianças, morreram em 372 ataques por controle remoto entre 2004 e 2013 no Paquistão. Nesse contexto, não espanta que, segundo <a href="http://www.bloomberg.com/news/2013-10-24/drone-pilot-fine-tests-industry-seen-reaching-89-billion.html" target="_blank">reportagem da Bloomberg</a>, os gastos com aviões não-tripulados podem chegar a quase 90 bilhões de dólares nos próximos 10 anos, com despesa anual atingindo valores superiores aos 10 bilhões de dólares, duas vezes o que é investido hoje por ano no desenvolvimento dessa tecnologia nos Estados Unidos.<br />
<br />
Na mesma semana da divulgação pelo Post dos documentos, da visita do premier paquistanês a Washington e do lançamento do relatório da Anistia Internacional, o <a href="http://www.huffingtonpost.com/" target="_blank">Huffington Post</a> publicou ainda <a href="http://www.huffingtonpost.com/2013/10/23/yemen-drones_n_4152159.html" target="_blank">uma entrevista</a> com um ex-funcionário do Departamento de Estado americano no Iêmen, outro país-alvo dos <i>drones </i>americanos. Segundo a fonte, cada ataque desse tipo no país cria de 40 a 60 novos inimigos dos Estados Unidos na região. Ituassuhttp://www.blogger.com/profile/07505417520133730616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-347869772215220488.post-75504133407400615202013-10-19T07:41:00.001-07:002013-10-25T03:47:42.511-07:00Democracia digital e cultura política<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-xajYqJoyy5k/UmKSmHuCC1I/AAAAAAAABSo/rkZGDK79vjs/s1600/simposio.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="188" src="http://4.bp.blogspot.com/-xajYqJoyy5k/UmKSmHuCC1I/AAAAAAAABSo/rkZGDK79vjs/s200/simposio.jpg" width="200" /></a></div>
<b>Simpósio internacional debate internet e participação política cidadã.</b><br />
<br />
A participação política do cidadão é um dos temas mais discutidos entre pesquisadores da chamada democracia digital, e-democracia ou ciberdemocracia, que, resumidamente, trata da análise, do uso e desenho de iniciativas digitais em prol do incremento da política em regimes democráticos. A discussão, por exemplo, esteve muito presente no <a href="http://www.ceadd.com.br/simposio-brasil-alemanha-discute-a-democracia-digital/" target="_blank">II Simpósio Internacional Brasil-Alemanha sobre Política e Internet</a>: "Democracia na Era Digital", realizado no <a href="http://www.goethe.de/ins/br/sab/ptindex.htm" target="_blank">Instituto Goethe em Salvador</a>, nos últimos dias 17 e 18 de outubro, promovido pela instituição alemã e o <a href="http://www.ceadd.com.br/" target="_blank">Centro de Estudos Avançados em Democracia Digital</a> (CEADD) da <a href="https://www.ufba.br/" target="_blank">Universidade Federal da Bahia</a> (<a href="http://www.facom.ufba.br/portal/" target="_blank">FACOM/UFBA</a>).<br />
<br />
O tema ganha ainda mais importância quando pensado a partir de um contexto específico, marcado por fenômenos como a queda no comparecimento às urnas – inclusive onde o voto é obrigatório –, o sentimento de baixa efetividade da cidadania na decisão política, o descolamento entre o sistema político e o cidadão, o desinteresse na política, uma visão muito negativa da política e dos políticos, o baixo capital político da esfera civil, a ausência de soberania popular, a falta de espaços deliberativos, a baixa representatividade no debate público etc.<br />
<br />
Não à toa, já são muitas as iniciativas digitais dispostas na rede, com o intuito de "empoderar" o cidadão na política de sua cidade, seu estado, seu país, inclusive de seu planeta, como nos temas do meio ambiente, da energia nuclear ou dos direitos humanos. Tais iniciativas são originadas tanto de governos, como é o caso do <a href="http://gabinetedigital.rs.gov.br/">Gabinete Digital</a>, no Rio Grande do Sul – experiência referência hoje para projetos semelhantes no mundo todo –, como da própria sociedade civil, como o <a href="http://www.votenaweb.com.br/" target="_blank">Votenaweb</a>, que procura aproximar o cidadão brasileiro do que se passa no Congresso Nacional, ou o <a href="https://secure.avaaz.org/po/petition/">Avaaz</a>, que serve como plataforma mobilizadora em favor de determinados projetos de lei.<br />
<br />
Ao mesmo tempo, no entanto, algumas dúvidas pairam sobre o potencial da comunicação política via internet. Alguns autores, por exemplo, afirmam que a internet não torna ninguém mais politizado, apenas serve de instrumento para aqueles que já são engajados. No mesmo sentido, algumas pesquisas sugerem que as redes sociais favorecem uma reunião daqueles que concordam entre si e que isso pode acabar enclausurando o cidadão em ambientes de baixa contestação. Da mesma forma, alguns críticos temem que a cidadania digital acabe por esvaziar de vez a participação fora da rede e que o cidadão fique restrito ao ativismo do tipo "clique no mouse".<br />
<br />
Além disso, há o avanço das empresas e da lógica comercial sobre o terreno, que tem sido levantado como um risco nada desprezível, haja vista o que ocorreu na mídia de massa tradicional. Como se não bastasse, a infraestrutura de cabos, fundamental à comunicação digital, também é dominada por empresas e concentrada nos países mais ricos, em especial entre os Estados Unidos e a Europa, o que por si só já gera um acesso diferenciado à experiência na rede.<br />
<br />
<div>
Entretanto, apesar dos desafios, a internet traz sem dúvida um potencial de transformação da comunicação política nas democracias contemporâneas em favor de uma cultura mais participativa, em especial com relação aos mais jovens. Afinal, aquele cidadão passivo que cumpre somente o papel de "receptor" das mensagens veiculadas no formato "grade de programação" tende a ficar para trás, no tempo e na história.</div>
Ituassuhttp://www.blogger.com/profile/07505417520133730616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-347869772215220488.post-71448479443886158542013-10-10T04:56:00.002-07:002013-10-11T04:55:46.811-07:00Programa discute "O Brasil depois da Guerra Fria"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-wx3r34aeGAc/UlaV1uONEpI/AAAAAAAABRw/sK9uE_XE9s8/s1600/TVPUC.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-wx3r34aeGAc/UlaV1uONEpI/AAAAAAAABRw/sK9uE_XE9s8/s1600/TVPUC.jpg" /></a></div>
<span style="font-family: arial;">TV PUC entrevista
autor do </span><a href="http://www.ituassu.com.br/obrasildepoisdaguerrafria.html" style="font-family: arial;">livro</a><span style="font-family: arial;">
lançado este ano pelas
editoras PUC-Rio e
Apicuri. Veja no </span><a href="http://tvpuc.vrc.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=639&sid=6" style="font-family: arial;">site
da emissora</a><span style="font-family: arial;">.</span>Ituassuhttp://www.blogger.com/profile/07505417520133730616noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-347869772215220488.post-63066749297348012072013-10-03T19:14:00.000-07:002013-10-06T06:46:29.281-07:00A encruzilhada Obama<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-iH_HabMS9lo/Uk4jyfIAkPI/AAAAAAAABQo/LAlG_ZzwBcs/s1600/USpolarization.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-iH_HabMS9lo/Uk4jyfIAkPI/AAAAAAAABQo/LAlG_ZzwBcs/s1600/USpolarization.jpeg" /></a></div>
<b>O que está por trás do impasse político que paralisou o governo americano.</b></div>
<div>
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Segundo <a href="http://blogs.lse.ac.uk/usappblog/2013/10/01/us-government-shutdown-polarization/#Author" target="_blank">Michele Swers</a>, professora da <a href="http://www.georgetown.edu/" target="_blank">Universidade Georgetown</a>, em Washington, em <a href="http://blogs.lse.ac.uk/usappblog/2013/10/01/us-government-shutdown-polarization/" target="_blank">análise</a> publicada pelo blog <a href="http://blogs.lse.ac.uk/usappblog/about-usapp/" target="_blank">USAPP-American Politics and Policy</a>, da <a href="http://www.lse.ac.uk/home.aspx" target="_blank">London School of Economics and Political Science</a> (LSE/UK), a chave para se entender o <a href="http://www.bbc.co.uk/news/world-asia-24380990" target="_blank">impasse atual no Congresso Americano</a>, relativo ao orçamento do governo Obama, é o fato de que uma boa parte dos representantes em cena vem de <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/County_(United_States)" target="_blank">condados</a> onde seus partidos têm posição relativamente confortável. Ou seja, esses representantes são hoje mais temerosos das primárias contra um adversário interno ideologicamente mais radical do que das eleições de 2014 – o mandato de representante nos Estados Unidos obedece o sistema distrital e é de apenas dois anos. <br />
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Nesse contexto, com receio de prover munição aos competidores internos, representantes eleitos se tornam mais fechados em suas posições, deixando pouco espaço de manobra para negociações na Câmara. O resultado é uma construção de consenso dificultada entre os dois partidos.</div>
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De fato, após a tomada da Câmara pelos republicanos em 2010, quando os democratas amargaram uma <a href="http://elections.nytimes.com/2010/results/house" target="_blank">perda recorde</a> de 63 cadeiras, a <a href="http://elections.nytimes.com/2012/results/house" target="_blank">variação em 2012</a> foi muito pequena, de mais oito cadeiras para os democratas e menos sete assentos para os republicanos (um ficou indeciso). Desde 2010, o governo Obama e a maioria republicana na Câmara têm travado duras batalhas sobre questões fiscais e as funções do Estado.<br />
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Antes disso, por exemplo, com o controle da Câmara pelos democratas, o governo Obama pôde aprovar legislações como o <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Affordable_Care_Act" target="_blank">Affordable Care Act</a>, também conhecido como <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Patient_Protection_and_Affordable_Care_Act" target="_blank">Obamacare</a>. O ato foi transformado em lei em 23 de março de 2010 e estabelece um amplo leque de opções ao governo federal, incluindo subsídios e incentivos, no intuito de tornar a cobertura dos planos de saúde mais amplas e, principalmente, mais acessíveis à população americana.</div>
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Desde 2010, no entanto, as coisas ficaram mais difíceis para a Casa Branca, até porque boa parte dos analistas creditam a esmagadora vitória republicana na Câmara, naquele ano, a uma reação conservadora ao Obamacare em meio à onda Tea Party. Daquele momento em diante, além dos impasses sobre o orçamento, iniciativas mais amplas do governo Obama, como a reforma da imigração, foram bloqueadas.<br />
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Ao mesmo tempo, um <a href="http://www.voteview.com/political_polarization.asp">estudo</a> de <a href="http://polisci.ucsd.edu/faculty/poole.html" target="_blank">Keith Poole</a>, da <a href="http://polisci.ucsd.edu/" target="_blank">Universidade da Califórnia em San Diego</a>, e <a href="http://politics.as.nyu.edu/object/HowardRosenthal" target="_blank">Howard Rosenthal</a>, da <a href="http://www.nyu.edu/" target="_blank">Universidade de Nova York</a>, sobre o comportamento dos representantes em votações sugere que, nos últimos 30 anos, democratas vêm se tornando progressivamente mais liberais, e republicanos, mais conservadores. No caso do <a href="http://www.gop.com/" target="_blank">GOP</a>, a radicalização cresce especialmente depois do governo Reagan e da chamada "<a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Republican_Revolution" target="_blank">revolução de 1994</a>", que colocou o Partido Republicano no controle do Congresso Americano (Câmara e Senado) pela primeira vez em 40 anos. Na época, <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Bill_clinton" target="_blank">Bill Clinton</a> vinha com uma agenda que incluía medidas liberais também para a saúde e a integração de homossexuais nas Forças Armadas.<br />
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Sobre o impasse atual, <a href="http://blogs.lse.ac.uk/usappblog/2013/10/01/us-government-shutdown-polarization/" target="_blank">Michele Swers</a> lembra ainda que a polarização se alimenta da distância ideológica que há entre o Senado, controlado pelos democratas, e a Câmara dos Representantes, controlada pelos republicanos, e da própria pauta política conduzida pela Casa Branca, que coloca pressão sobre os dois partidos.<br />
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Para o GOP, coisas como o Obamacare são agora uma questão de vida ou morte. O avanço liberal sobre as instituições, como no caso da saúde, por exemplo, unifica o partido a partir de um elemento ideológico comum, a intervenção do Estado na vida privada do cidadão ou a socialização através do Estado dos ganhos particulares do indivíduo.<br />
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Do outro lado, os prognósticos não são bons para os democratas. Afinal, as eleições de meio de segundo mandato costumam ser as piores para o presidente que fica oito anos na Casa Branca.</div>
Ituassuhttp://www.blogger.com/profile/07505417520133730616noreply@blogger.com0