sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Em má conta

Relatório do Pew Research Center mostra insatisfação do público americano com a qualidade do jornalismo nos Estados Unidos.

Publicado na mesma semana da venda do jornal Washington Post a Jeff Bezos, fundador da Amazon, por 250 milhões de dólares, novo estudo do Pew Research Center apresenta uma visão bastante crítica sobre o jornalismo produzido nos Estados Unidos. Apesar de ressaltar a importância da prática jornalística para a política e a sociedade, o público entrevistado para o relatório avalia duramente o desempenho das organizações de notícias em temas-chave do jornalismo como precisão, independência e equilíbrio.

Segundo o relatório da pesquisa, produzida pelo Pew Research Center for the People and the Press e divulgada no último dia 8 de agosto, 65% dos entrevistados afirmaram que o jornalismo americano se pauta, em geral, por assuntos sem importância, 67% disseram que as matérias são normalmente imprecisas, 71% acreditam que as organizações de notícias em geral tentam encobrir seus erros, em vez de assumi-los, 75% creem que o jornalismo americano é normalmente influenciado por pessoas ou organizações poderosas, 76% afirmaram que as notícias em geral são tendenciosas, 58% disseram que as matérias são politicamente enviezadas e 59% acham que o jornalismo não se importa com as pessoas sobre as quais produz reportagens. Segundo o Pew, esses índices vêm piorando desde o início do acompanhamento do tema pelo instituto, em 1985.

Ainda sobre as críticas, a pesquisa do Pew afirma que aqueles que citam a internet como a principal fonte de informação tendem a ser mais críticos da imprensa do que aqueles que não têm a rede como locus principal para se manterem informados. Dentre aqueles que mais usam a internet em busca de notícias, 65% acham que as matérias produzidas pela mídia tradicional são politicamente enviezadas, 73% percebem a imprensa muito voltada para assuntos sem importância, 81% acreditam que o jornalismo americano é influenciado por pessoas ou organizações poderosas, 83% afirmaram que a imprensa em geral favorece um lado da história e 68% disseram que as organizações de notícias tentam, em geral, encobrir seus erros, em vez de assumi-los.

Nesse terreno da WWW, o relatório do Pew ressalta que a internet é hoje a principal fonte de notícias nacionais e internacionais para aqueles com menos de 50 anos. De fato, segundo a pesquisa, quanto mais nova a faixa etária, mais a internet se torna importante. Na faixa etária de 18 a 29 anos, por exemplo, 71% dos entrevistados têm a internet como principal fonte de informação e notícias. Na média geral, no entanto, a televisão ainda é o meio preferido de informação (69%), seguida da internet (50%), dos jornais impressos (28%) e do rádio (23%) - a pesquisa permite que os entrevistados escolham até duas mídias como principais fontes de informação e notícias.

A boa nova para o jornalismo, ao menos o americano, é que o público parece manter uma visão positiva sobre o poder fiscalizatório da imprensa sobre a política e os políticos (watchdog role). Segundo a pesquisa, 68% dos entrevistados afirmam que o jornalismo evita que as lideranças políticas façam o que não devem - o índice era de 67% em 1985. Além disso, uma pequena maioria dos entrevistados (54%) também afirma que os jornalistas são mais importantes hoje do que no passado porque ajudam as pessoas a dar um sentido à enorme quantidade de informações disponíveis na internet.

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