quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Nem tão novo assim


Como Marcelo Freixo usou o Twitter na campanha para a Prefeitura do Rio em 2012.

Pesquisa de estreia do COMP – Grupo de Pesquisa em Comunicação, Política e Internet da PUC-Rio – avaliou 207 mensagens postadas pela conta @MarceloFreixo nos últimos 15 dias antes do primeiro turno das eleições de 2012 para a Prefeitura da cidade. Segundo os resultados iniciais da análise, Freixo utilizou o potencial interativo da ferramenta, mas priorizou, ao menos no microblog e nesta conta em específico, uma comunicação política mais voltada a promover sua campanha, pouco disposta ao debate em torno de suas posições e os problemas da cidade.

Seguindo uma metodologia desenvolvida no PONTE – Grupo de Pesquisa em Políticas e Novas Tecnologias da Universidade Federal do Ceará –, as mensagens foram classificadas em cinco categorias: 1) promoção de ideias; 2) promoção de eventos; 3) campanha negativa; 4) mobilização e engajamento; e 5) alheias à política.

As postagens classificadas como "promoção de ideias" foram aquelas em que o candidato apresentou textos e documentos temáticos, material pessoal de campanha, projetos políticos, defendeu ideais. A rubrica "promoção de eventos" reúne mensagens postadas no Twitter em que o político informou sua agenda de atividades e convidou o público para eventos específicos em que estaria presente, sempre incentivando o compartilhamento das informações nas redes sociais.

As mensagens que compõem o conjunto "campanha negativa" são aquelas em que o perfil critica ações do adversário, trazendo à tona matérias, fatos ou qualquer outra evidência que sugira, por exemplo, casos de corrupção envolvendo um político ou partido. Além disso, em situação contrária, estão aqui também as mensagens nas quais o candidato se defende de campanhas negativas realizadas pelos adversários, veiculadas na mídia ou mesmo no próprio Twitter.

As mensagens de "mobilização e engajamento" incentivam os partidários do candidato a ajudar na campanha. Promovem o compartilhamento de mensagens ou a utilização de hashtags favoráveis. As mensagens "alheias à política" de Marcelo Freixo no Twitter, ou sem classificação específica, são aquelas em que o político manteve contato com amigos pessoais e familiares através do microblog, algo, claro, não necessariamente aleatório ou desprovido de conteúdo político.

Após a classificação por assunto, as mensagens foram categorizados em três grupos: "tweets", "retweets" ou "conversas", no intuito de se analisar o grau de interatividade da comunicação ali estabelecida. Como se sabe, o "tweet" é a publicação feita originalmente pelo prório usuário enquanto o "retweet" faz com que seus seguidores recebam algo que você recebeu. Por fim, na categoria "conversas" foram consideradas as respostas que Freixo deu a perguntas e observações vindas do público no Twitter.

Os primeiros resultados da pesquisa podem ser vistos nas Tabela 1 e 2 abaixo. A segunda série ilustra o cruzamento das categorias.


Tabela 1
Assunto
Nº de tweets
Porcentagem
promoção de ideias
11
5,3%
campanha negativa
24
11,6%
promoção de eventos
60
29%
mobilização e engajamento
65
31,4%
alheias à política
47
22,7%
Total:
207
100%


Tabela 2


     tweets
    retweets
   conversas
       total
           %
promoção de ideias
1
3
7
11
5,3%
campanha negativa
3
6
15
24
11,6%
promoção de eventos
20
12
28
60
29%
mobilização,  engajamento
18
23
24
65
31,4%
alheio à política
4
10
33
47
22,7%

Total

46
54
107
207
100%

%

22,2% 

26%
51,6%
100%


Com isso, a conclusão inicial da análise é a de que a campanha de Marcelo Freixo no Twitter para a Prefeitura do Rio de Janeiro em 2012 priorizou tentativas de mobilização e engajamento de eleitores e a divulgação de eventos da campanha. Apesar de apresentar um alto grau de interação com o público, seja respondendo a perguntas diretas ou retweetando mensagens, o perfil de Marcelo Freixo no Twitter durante a campanha mostrou baixo comprometimento com a divulgação de planos do candidato e o debate sobre os problemas da cidade, não contemplando assim o potencial democrático que a literatura especializada sugere para o uso político da internet.

Esta pesquisa foi desenvolvida por Camila Soluri e Taíse Parente sob a orientação de Arthur Ituassu com recursos do CNPq e será posteriormente publicada completa na forma de artigo científico. O trabalho se põe em débito com o livro Do clique à urna: internet, redes sociais e eleições no Brasil (disponível na internet em formato epub), organizado por Francisco Paulo Jamil Almeida Marques, Rafael Cardoso Sampaio e Camilo Aggio, todos ligados ao Centro de Estudos Avançados em Democracia Digital (CEADD-FACOM/UFBA). Em especial, a pesquisa está em dívida com o trabalho "Estratégias de comunicação política on-line: uma análise do perfil de José Serra no Twitter", de Francisco Paulo Jamil Almeida Marques, Fernando Wisse Oliveira Silva e Nina Ribeiro Matos, presente no livro comentado acima.

Nenhum comentário:

Postar um comentário