sexta-feira, 15 de abril de 2011

Música do Mundo Podcast 112

Segunda edição de 2011 do Música do Mundo Podcast homenageia um ano da morte de Guru (17/07/1961 - 19/04/2010), que pregou a união do jazz com o hip hop e o rap na metade dos anos 1990, em Nova York. No set, além do próprio, semelhantes de uma era: US3, Jamiroquai, Speech Hoopla, Erykah Badu.

O programa tem em torno de 27 minutos, pesa 28 megabytes e está no formato mp3. Seu download, em geral, dura menos de 5 minutos. Como sempre, a dica para baixar o arquivo é utilizar o botão direito do mouse no PC, ou o 'control+mouse' no mac, e pedir o download. Para ouvir, basta clicar.

Baixe e ouça o arquivo aqui.

A música inicial chama-se "Defining Purpose", do álbum The New Reality. "Hei, listen!"; "Hei, you!"; "You're not listening!". A segunda, "Sights in The City", é de 1993, do Volume 1. Depois do interlúdio de Forrest Whitaker, como o samurai de Jim Jarmusch no sensacional Ghost Dog, US3 gravado pela Verve. Logo após, Jay Kay e o seu Jamiroquai. A decadência nunca apagará o show no Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Quem viu, sabe.

Em seguida, Speech Hoopla sob forte influência de Stevie Wonder e das igrejas do Sul dos Estados Unidos. Ele fez parte do clássico Arrested Development.

Para fechar, Erykah Badu histérica. É preciso ter estômago para chegar até o fim. A minha tese/fantasia é a seguinte: Erykah Badu foi uma das atrações que abriram o show do Jamiroquai no MAM. Ela estava grávida e cantou toda de branco, baixinho, com um longo turbante na cabeça. Poucos prestaram atenção. Não sei se antes ou depois, cantou também Neneh Cherry. Ela gritou de modo animal no show. Soltou a voz. Agudos longos e estridentes. A banda tocava e ela gritava. No primeiro disco depois da gravidez, Erykah Badu gravou "Penitentiary Philosophy". No mínimo, sugestivo. Tente chegar até o fim.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Internet e política, agora na Escócia

Desde o uso da internet, em especial das redes sociais, pela campanha de Barack Obama em 2008, muita atenção tem sido dada à questão do impacto da rede nos ambientes políticos nacionais. Mesmo que o debate não se resuma apenas às campanhas, mas giram, principalmente nos meios acadêmicos, em torno de questões como transparência, prestação de contas (accountability), representação, participação, governância etc., são as eleições, nesse contexto, que mais recebem destaque da mídia e do público em geral. Pois a bola da vez agora é o pleito para o Parlamento escocês, marcado para o próximo dia 5 de maio.

O ambiente é peculiar para o debate. Como afirma o jornalista Tristan Stewart-Robertson, em um texto sobre a internet na campanha escocesa, publicado no site especializado Mediashift, da PBS americana, trata-se de um espaço político dominado pelos jornais - são 13 para uma população de pouco mais de 5 milhões. Como não poderia deixar de ser, as velhas estratégias de mídia de massa, nesse contexto, reinam soberanas.

Entretanto, um dado importante tem levantado a discussão sobre o papel da internet na política local: o aumento crescente e significativo da abstenção nas eleições escocesas (o voto não é obrigatório). No último pleito, em 2007, os votantes em algumas regiões não chegaram a 33% do total dos eleitores.

Ir contra essa tendência tem sido o foco principal das experiências escocesas de comunicação política na internet. Stewart-Robertson cita duas em especial. Uma delas é a do Scottish National Party (SNP), que vem procurando desenvolver um tipo de ativismo de mídia social que coloca o partido à frente dos outros na Escócia, ao menos no que diz respeito ao uso da rede.

O site do SNP não traz novidades muito significativas em relação ao que já foi feito pelas campanhas de Barack Obama, nos Estados Unidos, e de Antanas Mockus, na Colômbia, mas parece bastante eficiente no que se propõe. Traz mensagens claras, é fácil de navegar, procura cativar tanto pela emoção quanto pela racionalidade da informação e propicia uma relativa interatividade, abrindo para o cidadão a possibilidade de upload de mensagens em texto e vídeo sobre as eleições. Além disso, claro, apresenta modos muito fáceis de angariar fundos de simpatizantes. O aspecto "interatividade" poderia ser melhor trabalhado, mas esse é um ponto tão complicado de pôr em prática quanto importante para qualquer comunicação política na rede.

Talvez mais importante que a campanha do SNP na internet seja a iniciativa do próprio Stewart-Robertson, também apresentada no seu artigo para o Mediashift: o site CompareTheParties, que procura incentivar a participação política e o voto apresentando comparativamente as posições dos partidos para os mais diferentes temas.

Pelo site, o cidadão pode escolher dois partidos, bem como um tema específico sobre o qual deseja ter a posição das legendas. Por exemplo, pode escolher "Scottish Liberal Democrats", na primeira opção; "Scottish Conservatives", na segunda; e o tema "Education". Ao fazer isso, recebe, na mesma tela, o posicionamento das duas legendas sobre educação.

Também pode escolher apenas um partido e um tema, para ter informação de como este pretende lidar com o assunto se chegar ao poder. Os temas apresentados são: crime e justiça, cultura e constituição, economia, educação, meio ambiente e agricultura, educação superior e pesquisa, saúde, habitação, governo local, esporte, turismo e transporte.

Como a iniciativa é nova, não se consegue, pelo site, as posições dos partidos sobre todos os temas. Além disso, como o sistema escocês é parlamentarista, importa mais saber como o partido pensa os assuntos do que este ou aquele candidato. No entanto, a iniciativa desperta pontos importantes que poderiam servir de inspiração para o uso da internet em prol, por exemplo, da democracia brasileira.

Seria possível ter em um website brasileiro semelhante, em vez somente dos partidos, o posicionamento dos candidatos nas próximas eleições no Brasil, em 2012, relativo a uma lista de temas mais adequada à realidade política local. Além disso, a justiça eleitoral brasileira poderia obrigar todos os candidatos a apresentar na internet seus posicionamentos sobre uma lista mínima de temas, o que facilitaria a consolidação. A iniciativa, de reunir todas essas informações em um único site na internet, com o dispositivo opcional de comparação, poderia ser civil ou mesmo da própria justiça eleitoral.

Finalmente, mais que uma iniciativa importante que pode servir de inspiração para outros contextos, o site CompareTheParties toca em uma questão sensível que diz respeito à política na rede: a importância da construção de "institucionalidades virtuais" que possam contribuir de forma efetiva para o ambiente democrático. A internet, por si só, é somente um veículo. O ambiente, por si só, não gera conseqüências estritamente positivas ou negativas para a democracia, mas o que se faz dele, e nele, sim.