sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Leitura de fim de semana: "Nacionalismo no novo mundo", de Marco Pamplona e Don Doyle (orgs.)

Obra organizada pelos professores Marco Antonio Pamplona, do Departamento de História da PUC-Rio, e Don Doyle, do Instituto Richard Walker, na Universidade da Carolina do Sul, reúne ensaios sobre o nacionalismo do século XIX nas três Américas, ou, como o próprio subtítulo afirma, sobre "A formação de Estados-nação no século XIX".

Publicado pela editora Record, o livro, em primeiro lugar, traz uma contribuição essencial à questão do nacionalismo ao tratar o conceito como a ideologia por trás da constituição da nação e da formação do Estado-nação, retirando-o assim da pendenga entre liberais e nacionalistas. Afinal, como afirmam os organizadores, "em sua juventude, o nacionalismo estava firmemente alinhado com o movimento humanitário liberal pela liberdade, igualdade e autonomia".

Da mesma forma, em relação à percepção negativa que em geral há sobre o termo, os organizadores ressaltam: "O nacionalismo diz às pessoas quem elas são e quem pertence à comunidade. Pode ser uma força geradora de exclusão, repressão e conflito violento, mas também pode ser um poderoso propulsor para a assimilação". De fato, é difícil conceber uma nação, ou mesmo um Estado-nação, sem um nacionalismo, que constitui ambos por meio do discurso e da ideologia. Afinal, uma nação não existe objetivamente, não existe antes do discurso constituidor.

Outra contribuição importante da obra é a ênfase que dá às especificidades do nacionalismo nas Américas, em um campo teórico dominado pela perspectiva européia. Nas Américas, o nacionalismo se desenvolve de maneira específica, abarcando sociedades étnica e culturalmente plurais, onde o caráter cívico, essencialmente político, se sobressai.

Sobre o Brasil, vale ressaltar o artigo de Hendrik Kraay: "Nação, Estado e política popular no Rio de Janeiro: rituais cívicos depois da independência". Nele, o autor mostra como o nacionalismo brasileiro se adapta ao contexto de um Estado imperial, receoso de uma expressão ideológica demasiadamente forte, como o nacionalismo revolucionário norte-americano, que pudesse romper com as estruturas sociais da época, em especial com o escravismo.

Onde comprar:

Na Estante Virtual.
Na Travessa.
Na Cultura.

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