segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Quem somos, quanto custamos e a questão política da identidade

Artigo do professor Rogério Werneck, publicado no Globo, chama a atenção para o "descaminho fiscal" do Estado brasileiro. Gastamos bilhões com as empresas e pouco com nossas redes de esgoto.

Primeiro ponto apontado por Werneck: a arrecadação não pára de subir. "Nos nove meses deste ano, a receita federal mostrou aumento de nada menos que 12,9% acima da inflação", escreveu, sobre uma carga tributária que alcança 35% do PIB, mais de um terço de toda a renda gerada no país ou quatro meses de trabalho.

Segundo ponto: nossa rede de esgoto. O professor levanta dois relatórios publicados pelo IBGE, Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008 e Atlas de Saneamento 2011. Em 2008, apenas 44% dos domicílios brasileiros tinham acesso à rede de esgoto; 45% dos 5564 municípios não tinham qualquer tipo de rede coletora.

Nessa situação, o poder público investiu, segundo Werneck, algo em torno de R$ 7,5 bilhões nesse tipo de infraestrutura em 2010. Para o BNDES, desde 2008, o Tesouro já transferiu R$ 300 bilhões, R$ 70 bilhões somente na capitalização da Petrobrás.

Essa, ao meu ver, é a questão fundamental da identidade do Estado brasileiro, do próprio sentido da política no Brasil. Mais importante até do que o "quanto custamos" é pensar no "quem somos" ou "quem queremos ser", a questão política da identidade. Hoje somos uma potência emergente capitalista calcada na expansão do consumo. Quem você quer ser?

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