segunda-feira, 2 de maio de 2011

Bin Laden e os arautos da vitória

Uma das melhores leituras que há no mercado sobre Osama Bin Laden e a Al-Qaeda, inclusive com tradução em português, é o livro do jornalista inglês Jason Burke, Al-Qaeda: A verdadeira história do radicalismo islâmico. Publicado pela Zahar, quando eu era um dos editores da casa, a obra derruba o mito da Al-Qaeda como uma organização de militantes e ativistas espalhados pelo mundo, interconectados pelas novas tecnologias e que obedeceriam a uma ordem centralizada e hierarquizada.

Jason Burke, que cobriu o mundo árabe e islâmico por mais de dez anos in loco para o jornal inglês The Observer, ligado ao grupo Guardian, conta que esse tipo de estrutura existiu somente até a intervenção americana no Afeganistão e que, depois disso, a Al Qaeda se tornou muito mais uma ideia, uma ideologia que passou a circular com força desde o Setembro de 2011 pelo subterrâneo do mundo radical islâmico, do que efetivamente uma organização. Para Burke, os grandes atentados posteriores em Madri, em 11 de março de 2004, e Londres, em 7 de julho de 2005, são prova disso. Destoam dos ataques da Al-Qaeda tradicional e apontam para um outro tipo de mobilização muito mais holística e ideológica do que hierárquica e centralizada.

Segundo o autor, a materialização comum do problema seria somente uma forma de se tornar a questão factível para o grande público e um tema das políticas internas dos países envolvidos, como a Grã-Bretanha e, principalmente, os Estados Unidos.

Por essa visão, a morte de Osama Bin Laden não modifica nada o cenário do terrorismo internacional, mas tem grande valia como capital político para seus arautos.

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