segunda-feira, 19 de maio de 2014

quarta-feira, 30 de abril de 2014

1st Joint Seminar PUC-Rio/Queen's University Belfast on Media and Representation

Encontro está confirmado para os dias 13, 14 e 15 de maio, no Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio.

Será realizado nos dias 13, 14 e 15 de maio, no Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, o Primeiro Seminário Conjunto PUC-Rio/Queen's University Belfast sobre Mídia e Representação (1st Joint Seminar PUC-Rio/Queen's University Belfast on Media and Representation).

O encontro terá transmissão ao vivo pelo Portal PUC-Rio e contará com a presença da professora  Andrea Mayr, Lecturer in Modern English Language and Linguistics, Erasmus Programme Director, School of English, Queen's University-Belfast; do professor Arthur Ituassu, professor-pesquisador em Comunicação e Política do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, pós-doutorando no Centro de Estudos Avançados em Democracia Digital, em Salvador (FACOM/UFBA); da professora Cláudia Pereira, doutora em Antropologia Cultural pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - IFCS / PPGSA, pesquisadora e professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da PUC-Rio, coordenadora do Curso de Publicidade e do PECC: Programa de Estudos em Comunicação e Consumo Academia Infoglobo/PUC-Rio; e da professora Adriana Braga, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da PUC-Rio, autora dos livros "Personas Eletrônicas: feminilidade e interação no blog Mothern" (Ed. Sulina, 2008) e "CMC, Identidades e Género: teoria e método" (Ed. UBI/Portugal, 2005),  vencedora dos prêmios The Harold Innis Award 2007 (MEA/EUA) e Prêmio CAPES de Tese 2007.

O seminário ocorrerá de 14h às 17h na sala 102K do Campus da PUC-Rio na Gávea, com tradução simultânea e entrega de certificado aos participantes. Veja a programação completa do encontro:

13/05, terça-feira, de 14h às 17h:
Media and Representation: Communication, Ethics and the Social World
Prof. Andrea Mayr (Queen’s University Belfast) and Prof. Arthur Ituassu (COM/PUC-Rio)

14/05, quarta-feira, de 14h às 17h:
Media and the Representation of Violence in Brazil and the UK
Prof. Andrea Mayr and Prof. Cláudia Pereira (COM/PUC-Rio)

15/05, quinta-feira, de 14h às 17h:
Methodologies for the Analysis of Media and Representation 
Prof. Andrea Mayr and Prof. Adriana Braga (COM/PUC-Rio)

Organização:
Professor Arthur Ituassu, Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio.

Promoção:
Programa de Pós-Graduação em Comunicação da PUC-Rio.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Na direção errada

Internet ultrapassa TV aberta no investimento de anunciantes nos Estados Unidos, mas versões online dos jornais não aproveitam o boom digital publicitário.

Relatório divulgado no início do mês (10/04/2014) pela organização Interactive Advertisement Bureau (IAB), que reúne mais de 600 empresas de mídia e tecnologia, mostra que, em 2013, o investimento em anúncios na internet ultrapassou pela primeira vez aquele feito na TV aberta nos Estados Unidos. Com um crescimento de 17% em relação a 2012, o valor gasto pelo mercado americano com anúncios no ambiente digital foi de US$ 42.8 bilhões, contra US$ 40.1 bilhões investidos na TV aberta.

O fenômeno confirma uma tendência de crescimento exponencial do investimento em anúncios na internet, que já havia ultrapassado em 2012, nos Estados Unidos, os recursos desse tipo alocados na mídia impressa (jornais + revistas). Como ressalta o especialista Ken Doctor, do Nieman Journalism Lab, o valor gasto com anúncios no ambiente digital é hoje mais que o dobro daquele direcionado à mídia impressa americana: US$ 42.8 bilhões contra US$ 18 bilhões.

O gráfico abaixo, produzido pela IAB, mostra o desenvolvimento histórico recente do investimento em anúncios por mídia nos Estados Unidos.




Como se vê no gráfico, entre 2005 e 2013, o investimento em anúncio dedicado aos jornais impressos caiu de mais de US$ 45 bilhões para menos de US$ 20 bilhões, enquanto aquele voltado para o ambiente digital cresceu de pouco mais de US$ 10 bilhões para quase US$ 50 bilhões. No entanto, além de verem reduzida de forma expressiva sua fatia no mercado anunciante, os jornais americanos não têm se beneficiado do boom digital publicitário recente nas suas versões online.

Segundo Ken Doctor, com base em um relatório de 2013 da Newspaper Association of America (NAA), os anúncios digitais em jornais somaram somente US$ 3.42 bilhões do total de US$ 37.59 bilhões de renda gerada pelos periódicos nos Estados Unidos no ano passado, com um percentual de crescimento de apenas 1.5% em relação a 2012. De fato, os números mostram que os jornais têm ficado somente com algo em torno de 8% de todo o gasto do mercado americano com anúncios digitais.

É claro que os dados relativos ao ambiente midiático nos Estados Unidos devem ser relativizados. Pesquisas recentes mostram que a televisão têm ainda uma influência muito forte no contexto brasileiro. No entanto, a se confirmar a tendência, percebe-se que há pela frente um outro grande desafio às empresas de jornalismo, além da competição do conteúdo produzido e compartilhado na internet, o de se tornarem atraentes ao investimento em publicidade no ambiente digital.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Duas moquecas, quatro longnecks e a conta, com Rob Walker

Um almoço como teoria política.

R.B.J. (Rob) Walker é um dos principais teóricos políticos contemporâneos. Professor da Universidade de Victoria, no Canadá, escreveu Inside/Outside: International Relations as Political Theory, um clássico recentemente publicado no Brasil, e, há alguns anos, After the Globe, Before the World, ainda sem tradução para o português. Felizmente, ele vem à cidade uma ou duas vezes por ano, lecionar no Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio.

Nossa conversa começou com um assunto banal, os preços no Rio de Janeiro. "Do jeito que estão, não sei se consigo continuar vindo ao Rio", disse. "Tudo está pelo menos 30% mais caro que no ano passado".

Falamos também da chuva. Comentei que, aqui no Brasil, alguns políticos estariam aliviados dela ter chegado ao Sudeste, referindo-me ao problema da água em São Paulo e da energia no país. Nesse momento, foi inevitável lembrar que a disputa pela água no planeta promete tensões, em um futuro próximo.

Na verdade, entreveros desse tipo já ocorrem em Israel, por exemplo, em torno do Rio Jordão, e Walker receia que os Estados Unidos terão grande interesse nas reservas de água canadenses, apenas não maiores que as nossas e as da Rússia. Apesar de também possuírem reservas expressivas, os americanos são os maiores consumidores de água do mundo.

Da água para o óleo, Rob Walker contou que as areias betuminosas do Athabasca, de onde se extrai petróleo, permitiram que o estado de Alberta tomasse a frente da antiga disputa política no Canadá entre Quebec e Ontario, e o produto disso foi um governo do tipo direita-conservador-texano, que substituiu o antigo Canadá liberal. "Vocês não temem o que o pré-sal pode causar a vocês aqui no Rio?", indagou.

Como quem foge da reta, perguntei se ele tinha lido o texto que havia lhe enviado no início do ano, uma versão em inglês de um trabalho que será apresentado no fim de maio, em Belém, na 23a Compós. O paper trata do campo teórico da e-Representação, no ambiente acadêmico da e-Democracia. "Li, mas deixei as anotações em casa", confessou. "No entanto, eu lhe diria uma coisa: o "e" é somente 2% do problema".

Ao fim, segundo Walker, estamos todos inseridos nas linguagens que se referem a Maquiavel, Hobbes e Kant. Quando falamos do demos, pergunta, que demos é esse? Ainda estamos na Grécia e sua cidadania restrita, vivemos ainda a metafísica e o elitismo tecnocrático platônico. Quem realmente tem capacidade de participar, deliberar ou mesmo interpretar a massa de informações que se encontra hoje na Internet?

Da mesma forma, a que nos referimos quando dizemos "o cidadão"? A um "objeto" da política, como pensou Maquiavel em O príncipe? A um "sujeito" à política (subject), que autoriza o poder, como concebeu Thomas Hobbes em seu Leviatã? Ou à capacidade de pensar por si mesmo, as subjetividades de Imannuel Kant? De algum modo, weberianamente falando, pouco importa o "e" se as condições materiais da sociedade não se alteram. Pelo contrário, se reproduzem na própria ação humana.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Vem aí: oquefezseudeputado.com.br

No campo da E-Representação, projeto reunirá informações e análises sobre o que fez cada um dos 46 deputados federais do estado do Rio de Janeiro no Congresso Nacional no último mandato.

Uma ampla literatura chama a atenção hoje para alguns problemas presentes mais ou menos de forma generalizada nas democracias contemporâneas. Um resumo das questões normalmente apontadas poderia constar de fenômenos contemporâneos como a apatia do eleitor, a ausência de efetividade da cidadania no que tange aos negócios públicos, o descolamento entre o sistema político e o cidadão, o desinteresse na política, uma visão muito negativa da política e dos políticos, uma informação política de qualidade duvidosa, baixo capital político da esfera civil, ausência de soberania popular e desconfiança generalizada da sociedade com relação à política e ao político.

Nesse contexto, alguns autores chamam a atenção para a simultaneidade entre uma variedade inédita de oportunidades ao alcance do cidadão de acesso e questionamento das autoridades governamentais e um profundo sentimento de frustração e desapontamento com a capacidade do mesmo cidadão de fazer alguma diferença nas decisões políticas. Nesse sentido, algumas pesquisas apontam para um certo “desconforto compartilhado”, uma “crise de descolamento”, como um fenômeno generalizado que afeta, em diferentes graus, democracias novas e consolidadas.

Esse fenômeno, por exemplo, pode ser representado pelo distanciamento entre a classe civil e os partidos, os baixos índices de comparecimento eleitoral, ao menos onde o voto não é obrigatório, e no amplo antagonismo das populações com relação à política e aos políticos. Para alguns autores, ainda colaboram para o contexto de crise a personalização midiática da política sob a figura de lideranças plebiscitárias e as mudanças no mercado de trabalho – que tornaram mais complexas as grandes categorias populacionais. Ressalta-se assim um conjunto de transformações estruturais que vem sendo caracterizado pelo uso do vocábulo “crise”, crise dos partidos, da política, da democracia, da representação.

Fazem parte desse contexto mais amplo questionamentos específicos, relativos à prática da representação política nos regimes democráticos,  Nesse campo, a noção de crise se sustentaria em três conjuntos de evidências: o declínio do comparecimento eleitoral, o aumento da desconfiança em relação às instituições políticas e o esvaziamento dos partidos. Os dois primeiros pontos têm por base os índices de comparecimento eleitoral nos regimes democráticos e as pesquisas de confiança e satisfação do cidadão para com as instituições políticas. O terceiro conjunto de problemas aponta para os partidos políticos, onde a burocratização excessiva das estruturas internas, o estreitamento do leque de opções políticas (com a derrota dos projetos históricos da classe operária) e, em especial, as mudanças que a mídia eletrônica introduziu na disputa política – como a personificação excessiva do debate político, a dramatização da prática política, a redução da política a eventos e espetáculos midiáticos e a formação de um público crescentemente mais consumidor que cidadão – colaborariam para o esvaziamento da relação entre a sociedade civil e as agremiações políticas, instituições clássicas que cumprem, ou ao menos deveriam cumprir, papel importante na mediação da representação política nos regimes democráticos.

Afinal, além dos partidos, outro mediador consagrado em crise, ao menos de legitimidade, são os meios de comunicação, dado que a mídia é hoje o lugar fundamental da difusão de representações do mundo social, o principal instrumento de disseminação das visões de mundo e dos projetos políticos. A questão, assim, passa pelo grau de pluralidade dos discursos veiculados e pelos questionamentos em torno da representatividade das vozes presentes no discurso midiático. Se a diversidade social não está minimamente representada, há um problema para a democracia, e a existência se vê ameaçada pela ausência de voz na disputa pelas representações do mundo social.

Nesse contexto, a lógica comercial das mídias de massa se torna um empecilho, dado que a presença ou não do discurso nos meios é dependente, em geral, de outros critérios, de audiência ou particulares da empresa. Soma-se a isso a percepção de que as decisões sobre esses mesmos critérios são discutidas e tomadas em geral por um grupo restrito de pessoas, normalmente pertencentes a uma mesma categoria econômica, social e cultural específica.

Não à toa, os déficits de democracia são normalmente acompanhados dos déficits de comunicação pública e política presentes também na maior parte dos regimes democráticos contemporâneos. Constantemente, são levantados temas como a competição entre a política e o entretenimento pela atenção do cidadão no ambiente midiático, a reprodução constante pelo jornalismo de uma visão cínica da política, a redução da política a eventos e personalidades, os problemas políticos inerentes ao sistema few to many da comunicação de massa tradicional e a personificação da política favorecida pelo ambiente midiático-imagético. De modo geral, preocupa uma comunicação midiatizada que mais afasta e menos aproxima o cidadão da política, bem como a qualidade da deliberação política mediada pelos meios de comunicação de massa.

É nesse debate que se insere o projeto "O que fez seu deputado" (www.oquefezseudeputado.com.br), a primeira iniciativa digital do COMP: Grupo de Pesquisa em Comunicação, Internet e Política da PUC-Rio. Concebido com a intenção de contribuir para o potencial de renovação da comunicação política que a Internet oferece às democracias contemporâneas, "O que fez seu deputado" é um projeto de utilidade pública, voltado para o fortalecimento da cidadania e da democracia.

Leia mais em:
ITUASSU, A. Repolitizando a representação: Uma teoria para iniciativas digitais em prol dos processos político-representativos no Brasil. Compolítica, Associação Brasileira de Pesquisadores em Comunicação e Política, v.3, n.2, (2013).

quinta-feira, 3 de abril de 2014

50 anos depois

Arquivo de Segurança Nacional americano divulga documentos inéditos com a transcrição de conversas de Kennedy com assessores sobre o golpe militar no Brasil.

O Arquivo de Segurança Nacional americano (The National Security Archive, NSA) divulgou esta semana (02/04/2014), transcrições inéditas de conversas do presidente John F. Kennedy com assessores sobre o golpe militar no Brasil. O NSA fica na Universidade George Washington e já havia divulgado, por conta dos 40 anos do golpe, audio tapes do presidente Lyndon Johnson, sucessor de Kennedy, clamando que os Estados Unidos fariam "tudo que fosse possível" no apoio à queda de João Goulart.

Os documentos se juntam aos muitos já divulgados em Washington sobre ações e conversas de Kennedy, Johnson e seus respectivos assessores, incluindo o embaixador Lincoln Gordon e o coronel Vernon Walters, sobre a Operação Brother Sam, como foi chamado o plano de apoio dos EUA ao golpe no Brasil. Nesse contexto, entretanto, ainda faltam os registros das operações clandestinas da CIA, a Central de Inteligência Americana, para desestabilizar a Presidência João Goulart entre 1961 e 1964. Esses documentos, ainda secretos, seriam, segundo Peter Kornbluh, que dirige o Projeto de Documentação sobre o Brasil no NSA, a "caixa preta dessa história toda". Recentemente, Kornbluh entrou com um pedido ao governo Barack Obama para que libere esses arquivos.

Um fato interessante dos registros divulgados agora é perceber que a primeira gravação feita por Kennedy no Salão Oval da Casa Branca – o presidente inaugurou secretamente esta prática – aborda a situação no Brasil. "Acho que um trabalho importante que temos de fazer é fortalecer os militares", disse o embaixador Lincoln Gordon, em 30 de julho de 1962, para o presidente Kennedy e seu assessor Richard Goodwin. Gordon continuou, afirmando que os Estados Unidos deveriam "deixar claro, de modo discreto", que não seriam "necessariamente hostis a uma ação militar, se estiver claro que o motivo para tanto é a entrega do país aos...", "comunistas", completou Kennedy.

Durante o encontro, o presidente e seus assessores decidiram elevar os contatos com os militares brasileiros, trazendo para campo o coronel Vernon Walters, que se tornaria o principal agente secreto americano na preparação do golpe. "Nós bem que poderíamos desejar que eles [os militares brasileiros] assumissem no fim do ano", sugeriu Goodwin, na reunião de julho de 1962, "se eles forem capazes".

Os documentos confirmam a faceta agressiva de Kennedy já conhecida no meio acadêmico, mas talvez pouco reconhecida em ambientes mais leigos. JFK, na verdade, acendeu o pavio da Guerra Fria desde a campanha. Um exemplo clássico disso foi a forma como atacou o presidente Eisenhower, acusando-o de permitir que os soviéticos tivessem passado à frente dos Estados Unidos tanto na corrida armamentista quanto na espacial, e apenas na segunda isso era verdade.

Apesar de não ter sido o mentor do plano de retirada de Fidel Castro do poder e de não ter envolvido as Forças Armadas norte-americanas na invasão da Baía dos Porcos, JFK estava ciente do fato e deu luz verde à operação comandada pela CIA. Para muitos historiadores, a Crise dos Mísseis e o quase desastre ocorrido na viagem-teste apressada do primeiro submarino nuclear soviético, o K-19 (conhecido como o “fazedor de viúvas”, ou “Hiroshima”, pela Marinha russa, e cuja história foi transformada em filme com Harrison Ford), foram respostas da linha-dura no Kremlin à agressividade de Kennedy.

Na verdade, Eisenhower deixou a Kennedy uma vantagem significativa na corrida armamentista da Guerra Fria. Ainda assim, JFK, ao tomar posse, iniciou a produção de 1000 mísseis balísticos intercontinentais, além de 32 submarinos Polaris, com mais 656 mísseis. Moscou, no mesmo momento, não tinha um submarino sequer capaz de lançar mísseis balísticos até o K-19, que podia carregar apenas três. Na época, enquanto os soviéticos tinham 50 bombardeiros com capacidade de carregar ogivas nucleares, os americanos tinham mais de 500.